Em 1962, um livro chamado Primavera silenciosa foi lançado pela bióloga marinha estadunidense Rachel Louise Carson. O título do livro anunciava algo muito triste: os pássaros não cantavam mais na primavera como costumavam fazer. Isso aconteceu porque o DDT, um inseticida recém-lançado naquela época, estava enfraquecendo as cascas dos ovos das aves, fazendo com que se quebrassem antes do nascimento dos filhotes. Com menos pássaros nascendo, o som alegre desses animais na primavera estava ficando cada vez mais raro.
Rachel estava preocupada com o DDT e com outros produtos químicos que as pessoas estavam usando. Para ela, eles não estavam apenas prejudicando os pássaros, mas também fazendo mal para outros animais, incluindo os humanos. A cientista achava que era preciso criar regras para usar esses compostos com mais cuidado.
A essa altura, você deve estar se perguntando o que essa história toda tem a ver com o oceano. Pois, acredite, tem tudo a ver! O livro da Rachel trouxe um alerta: os produtos que foram jogados nas plantações e nas cidades para matar insetos estavam sendo transportados pelos ventos e, ao caírem no oceano, eram carregados pelas correntes marinhas. Dessa forma, eles estavam se espalhando por todo o planeta, contaminando tudo, inclusive os animais marinhos, como os pinguins que vivem na Antártica, os ursos polares que vivem no Ártico, e até mesmo os peixes que utilizamos como alimento. Ou seja, estávamos comendo comida contaminada por compostos (que nós mesmos tínhamos desenvolvido) e que poderiam nos causar uma série de doenças.
Hoje, sabemos que certos produtos químicos, como o DDT, podem ser muito ruins para os animais terrestres e marinhos, para as plantas, para os oceanos e para a nossa saúde. Eles podem ficar no ambiente por muito, muito tempo. Mesmo os compostos que foram produzidos na década de 1960 ainda podem estar circulando e causando danos ao nosso planeta.
Como tudo no planeta está conectado, o que fazemos em terra firme, mais cedo ou mais tarde, vai chegar no mar. Portanto, é importante cuidar bem do ambiente em que vivemos e ter consciência sobre as coisas que utilizamos, como os produtos químicos e outras substâncias que podem persistir gerando danos à natureza.
Tássia Biazon
Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano
Universidade de São Paulo
Rafael André Lourenço
Instituto Oceanográfico
Universidade de São Paulo
Matéria publicada em 29.12.2023