Pescar peixes e frutos do mar para comer é uma atividade muito antiga realizada por nós, humanos. Atualmente, a pesca de qualquer tipo de organismo aquático em rios, lagos, mares e manguezais é uma atividade definida. Isso quer dizer que existem leis ambientais que especificam os períodos e os locais em que se pode pescar. Mas por que isso é importante?
Embora existam milhares de espécies aquáticas, as que foram e ainda são mais pescadas são os peixes-ósseos – como bacalhau, merluza, pirarucu, sardinha e tambaqui –, os peixes-cartilaginosos – como cação e raia –, os crustáceos – como caranguejo, lagosta e siri –, os moluscos – como lula, mexilhão, ostra e polvo – e até mesmo mamíferos – como baleia, foca e peixe-boi. Acontece que, ao retirarmos da natureza um pequeno peixe ou uma gigantesca baleia, podemos afetar negativamente o ambiente aquático. Isso ocorre quando extraímos uma quantidade de indivíduos maior do que a natureza consegue repor, e se chama sobrepesca.
Há diversas espécies marinhas encontradas em menor quantidade nos diferentes cursos d’água, e essa contagem muda a cada ano. Um exemplo de espécie marinha que já diminuiu muito é o atum-azul (Thunnus thynnus), bastante valorizado na culinária japonesa. O aumento da tecnologia pesqueira faz com que os pescadores consigam capturar o pescado em maiores quantidades e chegar em locais onde não era possível, como regiões isoladas, ilhas oceânicas e, até mesmo, no oceano profundo.
Porém, a sobrepesca tem efeitos negativos para todos! Para os pescadores, a captura se torna mais cara e requer maior esforço; para o consumidor, o preço do pescado se torna mais alto; e, para a natureza, a retirada excessiva causa um desequilíbrio ambiental, podendo levar à extinção de algumas espécies.
Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a FAO, todos os estoques pesqueiros – isto é, as populações naturais – do mundo já estão com baixa capacidade de produção. Para combater a sobrepesca, é preciso respeitar as leis ambientais e não capturar espécies ameaçadas de extinção ou no período reprodutivo.
Se você não pesca, você provavelmente consome o pescado, então também pode ajudar a diminuir os impactos da sobrepesca. De que maneira? Bom, primeiro, evite comer algumas espécies ameaçadas de extinção como cação, raia, guaiamum, pirarucu ou atum-azul. Além disso, procure saber de onde veio o pescado que você consome, assim como se o pescador respeitou o período adequado para a pesca. Existem espécies muito saborosas que são produzidas em cativeiro ou não estão ameaçadas de extinção, como tilápia, salmão, camarão, atum-amarelo, ostra e mexilhão.
Juntos, podemos fazer com que a natureza continue a nos fornecer alimento sem transformar nossos mares e rios em desertos sem vida. A natureza e as próximas gerações agradecem!
Tássia Biazon
Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano
Universidade de São Paulo
Marcelo Roberto Souto de Melo,
Instituto Oceanográfico,
Universidade de São Paulo.
Matéria publicada em 29.11.2023