Eca, quanta meleca!

O que o corpo de uma água-viva, a pele de uma rã, o rastro de uma lesma e a meleca do seu nariz têm em comum? Se você fez uma cara de nojo é porque provavelmente já sabe a resposta… Tudo isso está cheio de muco!!

Para se defender, as feiticeiras – um tipo de enguia marinha – soltam tanto muco que os predadores são incapazes de devorá-las.
Foto The Canadian Press

O muco é um tipo de substância viscosa produzida por praticamente todos os grupos de seres vivos, como vírus, bactérias, fungos, plantas e animais. O muco tem tantas utilidades na natureza que não é exagero dizer que a vida na Terra seria quase impossível sem ele. Mas o que uma gosma pode ter de tão especial?

Bom, o muco é produzido por células especializadas, geralmente aglomeradas na forma de glândulas mucosas. Nos animais, o muco é composto por água, sais minerais, substâncias antimicrobianas, anticorpos e, principalmente, um tipo especial de proteínas chamadas mucinas. Podemos imaginar as mucinas como longos filamentos microscópicos (como linhas fininhas) dispostos em um emaranhado. É essa rede microscópica que confere ao muco um aspecto de gel.

Com algumas pequenas variações na sua composição, o muco pode ser aquoso, gelatinoso, pegajoso ou escorregadio. E é exatamente essa variedade de propriedades físicas e químicas que possibilita ao muco desempenhar diferentes funções nos organismos.

Começando pelo corpo humano, é o muco que impede o ressecamento dos nossos olhos e pulmões. Quando comemos, é o muco que lubrifica os alimentos, permite a absorção de nutrientes e protege as células do estômago contra o ácido que ele mesmo produz! Revestindo órgãos dos sistemas digestivo e respiratório, o muco age como uma importante barreira contra micróbios causadores de doenças. Por outro lado, é ele também que hospeda os micróbios benéficos que vivem em associação com nosso organismo.

Em outros animais o muco pode ter ainda muitas outras utilidades. É ele, por exemplo, que permite aos caracóis deslizarem e, ao mesmo tempo, os impede de cair enquanto se locomovem por superfícies verticais. Os ovos de muitos sapos também se desenvolvem em ninhos de muco, às vezes espumosos ou gelatinosos. E advinha só por que é tão difícil segurar um peixe vivo nas mãos? Da próxima vez que vir algo com muco na natureza, lembre-se: é viscoso, parece nojento, mas muito vantajoso!


vinicius_novo

Vinícius São Pedro,
Centro de Ciências da Natureza,
Universidade Federal de São Carlos

Sou biólogo e, desde pequeno, apaixonado pela natureza. Um dos meus passatempos favoritos é observar animais, plantas e paisagens naturais.

Matéria publicada em 01.11.2022

Seu Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Outros conteúdos desta edição

700_280 att-40488
700_280 att-40400
700_280 att-40371
700_280 att-40386
700_280 att-40475
700_280 att-40434
700_280 att-40879
700_280 att-40447
700_280 att-40895
700_280 att-40428
700_280 att-40391
700_280 att-40418
700_280 att-40406
700_280 att-40381
700_280 att-40456

Outros conteúdos nesta categoria

700_280 att-46778
700_280 att-47318
700_280 att-47173
700_280 att-46966
700_280 att-46749
700_280 att-45398
700_280 att-45152
700_280 att-44775
700_280 att-44068
700_280 att-44492
700_280 att-43697
700_280 att-43644
700_280 att-43178
700_280 att-42949
700_280 att-42756