Comedores de plástico

Larvas de insetos podem ser grandes aliadas no combate à poluição por microplásticos.

Pedacinhos minúsculos de plástico, ou microplásticos, são hoje um dos principais poluentes do planeta.
Foto Oregon State University/Flickr

O plástico é um dos principais materiais utilizados pela indústria nas últimas décadas. Ele é usado em embalagens, roupas, brinquedos, produtos de beleza, carros etc. Infelizmente, grande parte do plástico que produzimos é descartado de forma inadequada e acaba indo parar nos ambientes naturais. Com o passar dos anos, esse plástico se degrada em partículas minúsculas chamadas microplásticos, que são facilmente levadas pela água e pelo vento.

Hoje em dia, não é exagero dizer que o plástico está espalhado por todo o planeta. Microplásticos já foram detectados em todos os tipos de ambientes, do fundo dos oceanos ao gelo da Antártida, das florestas tropicais aos grandes desertos. E, como são muito pequenos, esses poluentes podem ser absorvidos pelas raízes de algumas plantas ou mesmo ingeridos acidentalmente por diversos tipos de animais, sendo transferidos de um organismo para outro através da cadeia alimentar.

O problema é que o plástico é um composto artificial difícil de ser degradado por processos naturais. Isso faz com que o microplástico se acumule nos organismos vivos, incluindo em nós, humanos. Embora ainda não se conheça bem os efeitos dessa acumulação, é muito provável que ela tenha consequências negativas para nossa saúde a longo prazo.

A principal solução para esse problema está na diminuição da produção e do descarte do plástico. Mas também é preciso remover todo o microplástico já presente na natureza. E agora? Cientistas têm pesquisado organismos capazes de digerir as moléculas do plástico, como algumas bactérias e, surpreendentemente, até mesmo alguns insetos!

Foto Donald Hobern/Flickr
Larvas de besouro-da-farinha (Tenebrio molitor) podem comer e digerir as moléculas de plástico.
Foto AJC1 Flickr

Um experimento recente criou larvas de besouro tenébrio em uma mistura de farelo de trigo com microplásticos de máscaras cirúrgicas, simulando um ambiente contaminado. Além do farelo, as larvas comeram e digeriram a metade do microplástico presente! Além disso não ter interferido nas taxas de sobrevivência das larvas, elas até ficaram mais gordinhas do que aquelas que só comeram farelo de trigo. Será que o apetite desses gulosos insetos pode nos ajudar a deixar o planeta menos poluído?


vinicius_novo

Vinícius São Pedro,
Centro de Ciências da Natureza,
Universidade Federal de São Carlos

Sou biólogo e, desde pequeno, apaixonado pela natureza. Um dos meus passatempos favoritos é observar animais, plantas e paisagens naturais.

Matéria publicada em 28.02.2025

Seu Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Outros conteúdos desta edição

700_280 att-47667
700_280 att-47656
700_280 att-47647
700_280 att-47592
700_280 att-47609
700_280 att-47615
700_280 att-47774
700_280 att-47624
700_280 att-47588
700_280 att-47629
700_280 att-47883
700_280 att-47620
700_280 att-47637
700_280 att-47599
700_280 att-47783

Outros conteúdos nesta categoria

700_280 att-46778
700_280 att-47678
700_280 att-47532
700_280 att-47318
700_280 att-47173
700_280 att-46966
700_280 att-46749
700_280 att-45398
700_280 att-45152
700_280 att-44775
700_280 att-44068
700_280 att-44492
700_280 att-43697
700_280 att-43644
700_280 att-43178