Oi, meu nome é Vinícius. E o seu? Marina, Rafael, João, Amanda… Já parou para pensar como seria difícil nos comunicarmos se não tivéssemos nomes próprios? E os animais que vivem em bandos, como será que fazem quando querem chamar ou se referir a um indivíduo em específico? Será que eles também se chamam por nomes individuais?
Bom, a ciência ainda tem muito o que desvendar sobre a comunicação entre os animais, mas algumas pesquisas já mostraram que pelo menos algumas espécies usam sim nomes individuais. Cada uma em sua própria linguagem, é claro.
Muitas espécies animais usam sons específicos para se referirem a coisas específicas, de modo semelhante às palavras que nós usamos para reconhecer os objetos. Um ponto importante é que esses animais já nascem sabendo qual é o som que sua espécie usa para se referir, por exemplo, à “comida” ou ao “predador”. Mas quando falamos de um nome próprio para cada indivíduo, não tem como já nascer sabendo, nomes individuais precisam ser aprendidos ao longo da vida.
Periquitos-de-testa-laranja e golfinhos-nariz-de-garrafa são animais conhecidos por usarem nomes próprios individuais. Nestas espécies, cada indivíduo é chamado pelo som que ele emite mais frequentemente. É como se meu nome fosse “bá-bá-bá”, só porque esse era é o som que eu ficava repetindo quando era bebê.
Um estudo recente mostrou que elefantes-africanos também usam nomes individuais, mas não são apenas uma imitação dos sons emitidos por cada indivíduo. Em outras palavras, os elefantes aparentemente inventam nomes uns para os outros, assim como as pessoas fazem! Pode parecer algo simples, mas inventar nomes para as coisas ou indivíduos exige uma grande capacidade mental, e isso sugere que os elefantes são capazes de uma comunicação quase tão complexa quanto a nossa.
Mas quem será que “batiza” um novo elefantinho? Será que os nomes escolhidos têm algum significado? Dois elefantes conversam sobre outro indivíduo quando ele está ausente? Essas são algumas das questões que poderão ser respondidas pelas próximas pesquisas.
Vinícius São Pedro,
Centro de Ciências da Natureza,
Universidade Federal de São Carlos
Sou biólogo e, desde pequeno, apaixonado pela natureza. Um dos meus passatempos favoritos é observar animais, plantas e paisagens naturais.
Matéria publicada em 30.08.2024