Este texto é para você, leitor, que topa um desafio: que tal conhecer quem são os copépodes e os quetognatos? Esses minúsculos seres dos quais vamos falar são organismos planctônicos diversos, que existem em grande quantidade na água do mar.
Bom, vamos imaginar que você acaba de mergulhar no oceano com uma poderosa lente de aumento! De imediato, você se depara com uma infinidade de animais que nadam quase sem parar: alguns flutuam, muitos cruzam sua frente como foguetes, abaixo da superfície da água, e outros se locomovem como se estivessem soluçando – avançam bruscamente para frente, param por um instante, e avançam novamente. Há também os que ficam praticamente parados, como se descessem do céu de paraquedas, muito lentamente. Então, você nota que a maioria é quase transparente e de aspecto incrivelmente diferente. Alguns são até assustadores, e parecem ter saído de um filme de ficção científica!
Ajustando mais um pouco a sua lente, sua atenção logo é atraída para seres com longas antenas. Para onde você olha, eles estão lá! Você percebe que as antenas lembram as das lagostas, então imagina que se tratam de crustáceos minúsculos. Os cientistas os chamam de copépodes, um nome formado a partir da junção de duas palavras gregas: kope, que significa remo, e pous, pé. Além dos vários pares de pernas (de quatro a cinco!), esses animais utilizam também a cauda e as antenas para nadar e saltar. O interessante de suas antenas é que são estruturas sensoriais capazes de ler as ondas de pressão que se propagam na água e detectar de longe a aproximação de um predador, antecipando a fuga. Além disso, eles podem saltar incrivelmente rápido – em curta distância são os mais velozes animais aquáticos conhecidos!
De repente, a já movimentada paisagem à sua frente é perturbada pela presença de um quetognato, invertebrado marinho de corpo alongado, veloz como um dardo lançado no ar. Os vários pares de lanças afiadas ao redor da boca, usadas para prender e cortar as presas, são sua mais evidente característica. Eles são caçadores de emboscada: aguardam pacientemente, parados ou nadando devagar, a aproximação de um copépode (seu principal alimento) e desferem um bote certeiro impulsionados pela potente nadadeira caudal.
Em seguida, não muito longe, a água se agita terrivelmente. Você olha para o lado e vê uma grande medusa se aproximando. Com cerca de 30 centímetros, ela é muito maior do que os copépodes e quetognatos, que não têm mais do que 1 centímetro de comprimento. Muitos deles ficam presos nos redemoinhos que se formam com sua locomoção, parecida com um lento pulsar. Em poucos instantes, centenas de copépodes, larvas de invertebrados, microalgas e alguns quetognatos são comidos pela medusa.
Uau! Pois é, assim como fazem outras formas de vida terrestre, para sobreviver, os animais marinhos também precisam comer vegetais ou outros animais.
Depois de conhecer um pouco do mundo microscópico, com esses três grupos diferentes de animais marinhos, guarde bem a sua lente imaginária. Afinal, você vai precisar dela para participar de outras aventuras e descobertas pelo oceano que acontecerão por aqui! Na nossa próxima viagem, vamos juntos descobrir quem são e como vivem as algas microscópicas que povoam os oceanos.
Alvaro Esteves Migotto
Centro de Biologia Marinha
Universidade de São Paulo
Tássia Biazon
Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano
Universidade de São Paulo
Matéria publicada em 05.08.2024