As águas-vivas são animais de corpo tão mole que lembram uma gelatina. Algumas poucas espécies podem ser encontradas em lagos e rios, mas a maioria vive no mar. Seu corpo parece um chapéu – ou seria um cogumelo? – com longos tentáculos, que em alguns casos podem atingir vários metros de comprimento.
O corpo e, principalmente, os tentáculos das águas-vivas possuem um tipo de célula chamada cnidócito (“célula de urtiga”, em grego) e, por isso, elas fazem parte de um grupo chamado Cnidaria. A função dos cnidócitos é liberar um veneno usado para capturar alimento e também para a defesa do animal. É aí que fica a parte dolorida da história, porque o veneno de algumas espécies é tóxico para os seres humanos, causando um tipo de queimadura quando tocamos seus tentáculos.
No Brasil, são conhecidas mais de 150 espécies de águas-vivas, mas a maioria dos acidentes é causada pela água-viva-de-quatro-mãos, Chiropsalmus quadrumanus. Seu corpo lembra um chapéu com quatro abas (as “mãos”), cada qual com seis ou sete tentáculos. Vem daí o nome específico quadrumanus, “quatro mãos” em latim. Já o nome do gênero, Chiropsalmus, vem da língua grega e pode ser traduzido como “mão que se contorce”, por causa da forma como este animal se movimenta na água.
Outra espécie de água-viva, a Tamoya haplonema, pode causar acidentes sérios, por conta de seu veneno mais tóxico. Porém, para nossa sorte, ela raramente é vista em águas rasas, onde costumamos nadar.
O nome Tamoya é uma homenagem aos índios tamoios, que originalmente viviam no sudeste no Brasil. Já haplonema significa “um fio” em grego, porque cada uma das quatro abas laterais do corpo desta espécie possui apenas um tentáculo urticante.
Há ainda uma espécie de Cnidaria que não é uma água-viva, mas costuma causar acidentes em nosso litoral: a caravela-portuguesa. Seu corpo é uma espécie de bexiga cheia de ar que fica boiando na superfície do mar com um monte de tentáculos dentro da água. Essa semelhança com um barquinho é o motivo de a chamarmos de caravela. Seu nome científico, Physalia physalis, tem origem em uma palavra grega que significa “bexiga”.
Agora, o que fazer se alguém se queimar ao tocar uma água-viva ou uma caravela? A primeira atitude é lavar bem o local atingido com água do próprio mar. Não use água doce porque ela ajuda a liberar mais toxinas dos cnidócitos que se grudaram à pele. Depois, um pouco de vinagre também ajuda.
Por fim, é sempre bom lembrar que não é a água-viva que nos ataca. Somos nós que, ao nadar no mar, esbarramos nelas, que estão tranquilas levando a vida no seu habitat natural.
Henrique Caldeira Costa,
Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Juiz de Fora
Sou biólogo e muito curioso. Desde criança tenho interesse em pesquisar os seres vivos, especialmente o mundo animal. Vamos fazer descobertas incríveis aqui!