Quantos povos indígenas diferentes existem no Brasil? 10, 50, 100? Bem mais que isso! São ao menos 305 etnias indígenas, com características e tradições próprias. Nesse grupo tão amplo, há falantes de 274 línguas distintas, cada uma com sua particularidade e história. Quer mais novidade? Há profissionais especializados no trabalho a favor das populações indígenas, na defesa e promoção dos direitos e culturas desses povos – são os(as) indigenistas! Deixa eu te contar mais!
Nos últimos anos, você já deve ter percebido um aumento de notícias sobre invasões em terras indígenas, principalmente de pessoas que buscam explorar riquezas naturais (madeira, pedras preciosas etc.) nesses territórios. Ao mesmo tempo, também cresceram os grupos políticos que são contra os direitos desses povos. É aí que o trabalho do(a) indigenista se torna ainda mais importante!
“O indigenista pode atuar em órgãos públicos, desenvolvendo políticas para defesa e promoção dos direitos dos povos indígenas”, explica Manoel Prado Júnior, indigenista da Fundação Nacional dos Povos Indígenas. Pois é, esses(as) profissionais não necessariamente vivem dentro das aldeias.
Há indigenistas em Brasília, por exemplo, na capital do Brasil, trabalhando em projetos com o governo. Outros trabalham em organizações da sociedade civil que apoiam a causa indígena, e também em organizações dos próprios povos indígenas, bem próximos deles, desenvolvendo projetos nas terras indígenas e nas comunidades.
Em comum entre todos esses campos, está uma rotina bem variada! “Há muitas possibilidades de atuação: trabalhos relativos a direitos sociais, políticas públicas, memória e história, até a identificação e demarcação de terras indígenas, ou seja, o reconhecimento e a determinação de porções do território brasileiro para os indígenas”, conta Manoel.
A proteção e o reconhecimento das terras indígenas tem sido um dos maiores desafios no indigenismo. Pela Constituição Brasileira, que garante os direitos dos cidadãos, esses povos têm direito sobre as áreas em que nasceram e sempre viveram. Mas não tem sido bem assim…
A História do Brasil é cheia de conflitos por disputas de terras. Da época em que os colonizadores chegaram até hoje, há muitos grupos com interesses em explorar os recursos naturais. Logo, não é por acaso que as terras indígenas são as mais protegidas contra o desmatamento e a exploração desses recursos. Além de serem reconhecidas como pertencentes aos indígenas, essas terras têm um papel muito importante para o equilíbrio climático e a proteção do meio ambiente.
“Hoje, as terras indígenas reconhecidas somam quase 14% do território brasileiro”, diz Manoel. Em outras palavras, se dividíssemos o Brasil em 100 partes, 14 seriam de propriedade indígena. “Entre as muitas atribuições de um(a) indigenista está a de auxiliar esses povos nas defesas de suas terras. Inclusive junto à Justiça”, completa o nosso entrevistado.
“Existem várias formações que podem levar ao ofício de indigenista. Há sociólogos, antropólogos, historiadores, advogados… Mas um indigenista se forma a partir da prática”, destaca Manoel. E há uma característica fundamental: a disposição para um diálogo respeitoso com os povos indígenas, e para reconhecer a autoridade e a autonomia desses povos nas suas tomadas de decisões, sobre suas vidas, seus projetos coletivos e na gestão dos territórios em que vivem.
As questões indígenas são tão fundamentais e tão bem discutidas por representantes dos povos originários que, em 2023, foi criado Ministério dos Povos Indígenas, tendo como ministra uma líder indígena, a Sônia Guajajara. Na Fundação Nacional do Índio (Funai), que passou a se chamar Fundação Nacional dos Povos Indígenas, também neste ano, pela primeira vez, há uma mulher indígena no comando, a Joenia Wapichana.
Embora você possa estar descobrindo agora a profissão de indigenista, saiba que ela existe desde o início do século 20, quando o Brasil criou um serviço público dentro do Estado para trabalhar com populações indígenas.
“Trabalhar com os povos indígenas é ver que outros caminhos são possíveis e que há outras possibilidades de existência e de se relacionar com o meio ambiente. E isso é importante para o futuro de todos nós”, conclui Manoel.
Elisa Martins
Jornalista
Especial para a Ciência Hoje das Crianças
Matéria publicada em 05.04.2023
Lucila
Muito boa a leitura muito educativa, amei vou acessar sempre
Isabelarcjc
Achei interessante. Não sabia que existe uma profissão com o nome indigenista!
Manuela Maia Serra Almeida Cruz
Ola, meu nome é Manuela Cruz e legal zinho o texto
Emilly
Amei com esse texto passei na minha prova