O oceano é o maior ambiente do planeta, ocupa mais de dois terços da superfície da Terra. Por mais que pareça um gigante espelho de água, na verdade, o oceano é um ambiente tridimensional ainda repleto de segredos escondidos. Há locais que os cientistas conhecem muito bem, como os litorais da Europa e dos Estados Unidos. Já outros são ainda um grande mistério, como a costa de regiões mais pobres (como muitos países africanos) ou ambientes de difícil acesso (como a Antártica e o mar profundo).
Sem conhecermos muito bem o oceano, não temos como cuidar dele. E esse cuidado é urgente! Quer saber por quê? Porque nós, humanos, estamos dia após dia poluindo e tirando a saúde do oceano, enquanto ele segue nos oferecendo, por exemplo, grande parte do oxigênio que respiramos. Sem esse conhecimento do oceano também não teremos como explorar suas grandes riquezas e gerar prosperidade para a humanidade.
Sim… o oceano está doente porque a humanidade está doente. E como dependemos dele, um oceano doente agrava os problemas da humanidade. Nós e o oceano dependemos uns dos outros. E, para construirmos o futuro que queremos para o planeta, devemos garantir que tenhamos o oceano que precisamos: limpo, saudável, produtivo, previsível, seguro, transparente, inspirador e envolvente. E do que precisamos para alcançarmos essa meta? Da ciência!
Pensando nisso, a UNESCO, organização voltada para a educação, a ciência e a cultura, que inclui 195 países do mundo, declarou que teremos uma década inteirinha dedicada ao oceano. Isso mesmo! Teremos dez anos – de 2021 a 2030 – para para transformar o nosso conhecimento e nossa relação com o oceano. Estamos entrando na Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável ou, simplesmente, Década do Oceano. E temos muitos desafios pela frente.
Ao mesmo tempo em que devemos combater a poluição devemos compreender como reduzir os impactos das atividades humanas e promover a conservação do oceano. Precisamos descobrir como ele pode contribuir para alimentar os oito bilhões de habitantes do planeta. Precisamos compreender quais os caminhos para gerar riquezas a partir do oceano, fortalecendo uma economia do mar, que envolve desde a extração de petróleo e minérios no fundo do mar até as atividades turísticas nas praias.
O conhecimento sobre o efeito do oceano no clima do planeta é também valioso, porque permitirá a previsão do tempo e de eventos extremos, como tsunamis, furacões, chuvas e secas, com mais precisão, auxiliando no combate aos perigos do oceano e na preservação de vidas humanas. Isso tudo depende de aumentarmos nossa capacidade de observar o oceano, algo possível com satélites e navios, equipamentos de alta tecnologia e dos profissionais que exploram o oceano: os oceanógrafos. Com tanta coisa a ser feita, o ponto de partida deve ser mapear o fundo do mar. Pois é: a gente conhece pouco mais que a quinta parte do oceano apenas!
Claro que todas as descobertas que forem feitas sobre o oceano precisarão ser compartilhadas de maneira adequada para toda a população. Isso é o que vai nos aproximar do oceano e fazer com que cada um nós, independentemente de quem seja, do que faça ou de onde more, queira defender o maior ambiente da Terra.
Ao longo de 2021, esta coluna especial da CHC vai detalhar cada um dos dez desafios científicos da Década do Oceano. Vamos mergulhar juntos para desvendar os segredos que o oceano ainda esconde?
Alexander Turra, Monique Rached e Tássia Biazon
Fazemos parte da Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano pela Universidade de São Paulo e estamos muito felizes em estrear esta nova coluna da CHC!
Matéria publicada em 20.01.2021