Areia branca, mar azul. Sim, estamos falando das praias! Só de pensar nesses ambientes, muita gente se alegra. Mas… você sabia que as praias estão em risco? Por que será?
Elas são formadas pelo encontro entre o mar e a terra, mas não são somente uma simples “faixa de areia”. As praias abrigam vários seres vivos que só existem nesses ambientes. São moradia de muitas espécies de plantas rasteiras e também de diversos grupos de animais – alguns que vivem enterrados, outros, na superfície da areia, e outros ainda, à deriva na água ou nadando, como peixes, aves, golfinhos e tartarugas.
As praias sofrem influência de ondas, marés, ventos e eventos de clima. Ao mesmo tempo, protegem o litoral de todas essas ações climáticas. Sem falar que oferecem muitos benefícios a nós, como os recursos pesqueiros. Mas saiba você que muitas praias estão perdendo suas áreas, uma situação que pode acontecer de maneira natural, mas que tem aumentado nos últimos anos em razão da ação humana.
Pois é! Por conta das construções de muros de orla, estradas, portos ou do “engordamento” das faixas de areia – situações que acontecem em muitas cidades litorâneas brasileiras, como Santos, Balneário Camboriú, Salvador, Cabo de Santo Agostinho e Paranaguá –, as praias estão em risco. E isso se agrava com a poluição atmosférica, que contribui para as mudanças climáticas, que podem resultar no aumento do nível do mar e na ocorrência de tempestades com maior intensidade e frequência.
A ocupação humana nas praias, ao longo do tempo, seja na faixa de areia ou nas áreas superiores, aconteceu em grande parte das cidades litorâneas. As primeiras cidades brasileiras foram todas construídas na região do litoral, porque isso facilitava as navegações. Em regiões urbanizadas, como nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, ou em regiões onde o turismo é forte, como nos estados da Bahia e de Pernambuco, as praias e os seres vivos que as habitam sofrem com pisoteamento, atropelamento e compactação por veículos; descarte irregular de lixo; tráfego de embarcações; poluição indireta, pelos rios que deságuam no mar, ou direta, pelo esgoto que é lançado no oceano.
Muitas vezes, por ação das correntes marinhas, a poluição gerada em uma determinada praia acaba chegando a praias conservadas e com pouca urbanização. Além disso, há a captura de alguns animais para uso comercial, como iscas ou alimento, como berbigão e siris. Até a limpeza das praias deve ser feita com orientação, para não retirar folhas, algas e outros organismos importantes para alimentação da vida marinha.
Mas é possível aproveitar a praia para lazer e turismo, e ao mesmo tempo conservar o meio ambiente? É sim. Mas, para isso, precisamos pensar na conservação do litoral, para que várias espécies de animais e plantas tenham um lugar saudável para viver, e para que possamos aproveitar seus benefícios.
Claro que a mudança não depende só de nossas ações. É necessário que as praias estejam nas políticas públicas dos estados, para que as visitas e ocupações sejam feitas cumprindo as leis ambientais. Todos os esforços são importantes para proteger a biodiversidade das praias e para continuarmos desfrutando desses ambientes tão belos e com tanta vida!
Tássia Biazon
Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano
Universidade de São Paulo
Helio Herminio Checon
Instituto Oceanográfico da USP
Matéria publicada em 21.09.2023
Henrique geo Vidal
Eu gostei muito e è criativo