Que o novo coronavírus é o assunto de 2020 nós já sabemos. Todo dia notícias sobre novos estudos e a busca por uma vacina são divulgadas na internet, nos jornais, nas revistas, na TV… Mas você já parou para pensar como todas essas novidades saem dos centros de pesquisa, laboratórios e universidades do mundo todo e chegam até você?
É que, ao lado dos cientistas e pesquisadores, trabalham pessoas que adoram contar casos e histórias sobre as descobertas do mundo da ciência. São os/as profissionais de divulgação científica!
Para entender o que eles/elas fazem, a CHC perguntou à cientista Débora d’Ávila Reis, que é também divulgadora de ciência da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e criadora da Universidade das Crianças. E ela conta logo: “O profissional de divulgação científica fala sobre os sucessos da ciência, que são muitos, mas também das coisas que deram errado!”.
Embora Débora também seja cientista, nem todo profissional de divulgação científica precisa vir das áreas de pesquisa. Mas, com certeza, tem que gostar muito de ciência para se destacar na profissão!
“Essa pessoa tem que saber escutar e conversar com as pessoas, e explicar como a ciência funciona. Deve saber responder algumas perguntas básicas, como: ‘Como a gente sabe isso tudo que a gente sabe hoje? Como a gente sabe que a Terra é redonda? Você já pensou nisso? É caro fazer ciência? Como os cientistas conseguem dinheiro para descobrir tanta coisa bacana?’”, enumera Débora.
A rotina desse/dessa profissional depende muito de onde a pessoa que divulga ciência trabalha: se em um jornal, em um rádio, em um museu, em uma universidade como cientista e divulgador/a da ciência… Tem divulgador/a de ciência até no YouTube! São muitos modos diferentes de fazer isso, e a cada dia aparece um novo…
Débora conta que, com a internet, os vários estilos de divulgação científica tendem cada vez mais a se misturar. E chegar mais longe! Às vezes, essa profissão pode ser bem desafiadora. “Por exemplo, para mim, que sempre morei em Belo Horizonte, seria muito desafiador conversar sobre ciência com uma pessoa que tem crenças, modos de vida e linguagem muito diferentes das minhas, como um indígena que sempre morou na floresta amazônica”, diz.
Mas o que une diferentes profissionais de divulgação científica é a certeza da importância de se falar mais sobre a ciência. Afinal, ela está em quase tudo que a gente faz. Mas não só isso…
Muitos acreditam que essa é uma profissão essencial para fortalecer a própria ciência, e para que as pessoas a conheçam e possam valorizar e defender os/as cientistas e as universidades que investem em pesquisa. “Enquanto cientista, posso dizer uma coisa: a ciência é tão encantadora! Por que não repartir esse encantamento com todas e todos?”, questiona Débora.
Será que o novo coronavírus mexeu com a rotina dos profissionais de divulgação científica? Claro! “Os cientistas têm trabalhado muito, e a orientação sobre o que fazer tem mudado muito rápido. Por isso, mais do que nunca, o divulgador tem que estar se atualizando diariamente”, conta Débora.
O mais legal, segundo ela, é que, tentando explicar e ensinar, um/uma profissional de divulgação científica também aprende muito! Ou você acha que ele/ela já sabe todas as respostas? Que nada!
“José Reis, um médico que foi um grande divulgador, escreveu o seguinte: ‘A divulgação envolve, para mim, dois dos maiores prazeres dessa vida: aprender e repartir’. Isso também é o que eu acho mais legal sendo divulgadora”, diz Débora.
Ela dá uma última dica: “Qualquer pessoa pode saber tudo sobre ciência! Não acredite quando um adulto lhe disser que ‘você é muito pequeno para entender isso’”.
E aí, quem se anima?
Elisa Martins
Especial para a Ciência Hoje das Crianças.
Matéria publicada em 12.08.2020