Lepidopterista!

Ilustração Marina Vasconcelos

Azuis, laranjas, brancas, amarelas… já reparou na variedade de cores das borboletas? E mariposas, já notou alguma voando por aí? Além de bonito de se ver, o bater de asas de borboletas e mariposas pode nos dizer muito sobre as condições de determinados ambientes, além de dar alertas importantes sobre a conservação de espécies e da natureza em geral. Quem estuda tudo isso são profissionais chamados de lepidopteristas… ou lepidopterologistas! 

O nome que trava a língua vem de um ramo da entomologia (área da ciência que estuda os insetos) que se dedica especialmente à ordem Lepidoptera, composta pelas borboletas e mariposas. “Lepi” significa escama e “ptera”, asas. “As asas das borboletas e mariposas são cobertas por minúsculas escamas”, conta a lepidopterista Laura Braga, pesquisadora do Instituto Nacional da Mata Atlântica. Ela tem essa e outras informações valiosas a compartilhar sobre esses animais tão encantadores…

Alarme ambiental

Borboletas e mariposas têm um papel essencial para os ecossistemas, porque são polinizadoras e fontes de alimento para outros animais. Além disso, são espécies bioindicadoras. Ou seja: elas ajudam a indicar a qualidade dos ambientes. Isso porque são muito sensíveis a alterações de habitat e mudanças climáticas. Então, a ausência desses insetos é um alarme sobre a saúde dos ecossistemas. 

Não por acaso, borboletas e mariposas têm sido muito estudadas em projetos de monitoramento ambiental. “Elas respondem rapidamente a distúrbios ambientais e processos de restauração ambiental. Algumas espécies só ocorrem em ambientes bem preservados. Assim, a lepidopterologia ganhou maior relevância no cenário atual”, diz Laura Braga. 

Muitos lepidopteristas pesquisam como as mudanças climáticas podem afetar as espécies de borboletas e mariposas, porque se sabe que o ciclo de vida desses animais está intimamente relacionado ao clima.

Metamorfose e conservação

Laura explica que cada espécie é adaptada a determinada condição e depende da oferta de alimento para suas lagartas e para a fase de adulto. As borboletas e mariposas passam por quatro estágios diferentes de vida (ovo, larva, pupa e adulto), um processo biológico chamado metamorfose. Além disso, cada espécie é adaptada a um tipo de ambiente, como, por exemplo, floresta, restinga (vegetação da beira da praia), topo de montanha… E as mudanças climáticas e a crise ambiental ameaçam a existência desses insetos. 

“Nós, lepidopteristas, trabalhamos e pesquisamos para conhecermos melhor a biologia e a ecologia das espécies, e assim traçarmos planos e estratégias para conservarmos tanto elas quanto os habitats em que vivem”, conta a pesquisadora. 

Normalmente, os lepidopteristas se formam em Biologia, Agronomia ou Engenharia Florestal, e depois se especializam em entomologia e no estudo de borboletas e mariposas. Já a rotina da profissão vai depender da área de atuação escolhida.

Delicados insetos

Alguns profissionais se dedicam a estudar onde as borboletas e mariposas vivem, em qual época ocorrem, com quais outras espécies interagem na natureza, quais são seus inimigos naturais, quais espécies são bioindicadoras… “O dia a dia envolve uma saída de campo de no mínimo uma semana, uso de rede para captura das borboletas, armadilhas de frutas para borboletas e de luz para atrair mariposas noturnas, montagem e identificação das espécies no laboratório, análise de dados, escrita de artigos e apresentação de trabalhos”, enumera Laura Braga. 

Outros lepidopteristas atuam diretamente no controle de espécies de pragas agrícolas (as lagartas de lavoura) ou estudam espécies de importância médica, como lagartas que queimam. Então, trabalho não falta! A pesquisadora conta que ainda há muito a se descobrir sobre esses insetos, principalmente sobre as mariposas. 

Os profissionais dessa área devem ter curiosidade, olhos atentos, boa memória… e mãos delicadas! “É uma profissão encantadora”, diz Laura, que desde criança queria ser bióloga. “Escolhi ser lepidopterista quando estava no ensino médio, pois acompanhei um ciclo de vida de uma borboleta, me encantei e quis pesquisar estes insetos”, conta. E você, se animou também?

Elisa Martins
Jornalista
Especial para a CHC

Matéria publicada em 02.09.2024

Seu Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Outros conteúdos desta edição

700_280 att-47051
700_280 att-46922
700_280 att-46956
700_280 att-46929
700_280 att-46946
700_280 att-46888
700_280 att-46912
700_280 att-46936
700_280 att-46893
700_280 att-46896
700_280 att-46941
700_280 att-46901
700_280 att-46908

Outros conteúdos nesta categoria