Você chega a alguma praia do Brasil, entra na água e decide andar (isso mesmo, andar!) até chegar do outro lado do oceano, em algum lugar da África. Opa! Não tente fazer esse ‘rolê’. Isso foi só uma provocação para você pensar em quantas coisas diferentes poderia ver e conhecer, caso fosse possível andar no fundo do mar. Até uns 100 anos atrás, era muito difícil ter informações sobre o relevo do fundo do mar. Mas com a invenção da ecossonda, em 1925, um aparelho capaz de medir a profundidade embaixo da água, foi possível obter o primeiro mapa do relevo marinho do planeta. Ele foi mostrado ao mundo faz uns 50 anos, por uma cientista estadunidense chamada Marie Tharp, que teve a colaboração de outro cientista, Bruce Heezen. Depois desse mapa, temos bastante informação, sem precisar correr qualquer risco!
Mas vamos imaginar que fosse possível seguir caminhando pelo oceano do Brasil até a África. O que será que se perceberia? Em primeiro lugar, ao deixar a costa brasileira, você andaria dezenas ou centenas de quilômetros num lugar mais ou menos plano, que vai ficando mais fundo bem lentamente, até atingir cerca de 200 metros de profundidade. De repente, o relevo ficará mais fundo ainda, até chegar a dois mil metros de profundidade, aproximadamente. Depois, é possível descer mais devagar, até cerca de quatro mil metros de profundidade. Quando atingir essa profundidade, você vai andar em cima de um lugar plano por centenas de quilômetros, até enxergar uma enorme cadeia de montanhas. No oceano Atlântico, essa cadeia montanhosa é muito comprida, mais comprida do que as cadeias mais longas que se vê em terra firme. Se você passar para o outro lado dessa cadeia, vai encontrar um fundo do mar bem variado: plano, fundo, inclinado, plano novamente e mais raso, até chegar na costa da África. Ufa!!!
Em outros lugares do planeta você vai encontrar lugares incrivelmente fundos que os cientistas chamam de fossa. As fossas podem chegar a mais de 11 mil metros de profundidade, ou seja, uma fossa pode ser maior que a montanha mais alta do planeta, o Monte Everest, entre o Nepal e a região do Tibet.
Antes da ecossonda, para saber a profundidade, era uma luta! Era preciso amarrar um peso num cabo ou uma corda, e descer o peso até ele chegar ao fundo do mar. Era demorado e não era exato! Antes da invenção desse aparelho, era possível saber mais sobre a Lua e alguns planetas do que sobre o fundo do mar.
Em 2021, surgiu um esforço mundial para a criação de um mapa de relevo ainda mais preciso do fundo do mar, principalmente porque o ser humano depende desse conhecimento para muitas coisas, como a pesca, a extração de minérios, a previsão de terremotos e tsunamis e até a internet. Esse esforço mundial prevê que, até 2030, todo o fundo do mar seja muito bem conhecido, para que possamos ajudar a preservar o planeta em que vivemos.
Michel Mahiques
Departamento de Oceanografia Física, Química e Geológica
Instituto Oceanográfico
Universidade de São Paulo
Matéria publicada em 11.10.2021
TATIANE
NÓS DO 1° ANO DA ESCOLA LICEU, DE FRANCA/SP, ADORAMOS A REPORTAGEM E SABER SOBRE ESSE NOVO APARELHO USADO. MUITO INTERESSANTE.
Ariane
Eu sou a Larissa do 5° ano A da Escola Oswaldo Cruz que fica na Mooca. Eu li a revista CHC pela primeira vez e me interessei pela matéria “Um rolê no fundo do mar”.
Eu gostei muito da matéria e achei muito interessante a ecossonda porque antes não existia internet e eu gostei de terem investigado esse equipamento.
Gostaria muito que vocês fizessem uma matéria sobre peixes desconhecidos.
Até logo!
Larissa