Quais são as pistas deixadas? Será que foi um envenenamento? Será que houve luta da vítima com o agressor? Se você acha que levaria jeito para desvendar mistérios desse tipo, talvez tenha sucesso trabalhando com perícia criminal.
A perícia é um departamento da polícia que não usa armas ou força para prender criminosos,usa o conhecimento científico. Os peritos podem ser formados em medicina, química, física ou biologia, por exemplo. Com seus conhecimentos voltados à solução de crimes, eles (ou elas, porque há muitas mulheres peritas!) pertencem a uma área chamada ciência forense.
Para entender um pouco melhor essa profissão, a CHC foi conversar com dois peritos da Polícia Civil: a Claudiane Canuto e o Thiago Hermita.
A Claudiane é formada em química e trabalha nos laboratórios do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, no Rio de Janeiro. O Thiago é formado em medicina veterinária e pertence à Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, também no Rio de Janeiro. Ele analisa as cenas de crime e nos contou uma curiosidade: as pessoas continuam a fazer barulhos mesmo depois de morrer!
Ciência Hoje das Crianças: O que é perícia?
Claudiane: A perícia é um ramo da ciência forense que atua para encontrar vestígios[pistas]e entender o que de fato aconteceu no local de crime.Ela fornece provas técnicas, que são aquelas que se baseiam em métodos científicos, e não em depoimentos.
CHC: Como é o seu dia a dia de trabalho?
Claudiane: A minha rotina é bem diferente da do Thiago, bem menos emocionante. Vou ao Instituto de Criminalística para fazer análises no laboratório. Faço análises de drogas e materiais que foram coletados na cena do crime ou tenham alguma relação com o crime.
Thiago: Eu vou à Divisão de Homicídios e fico de prontidão, esperando alguma ocorrência. Se acontecer, saio com a equipe até a cena do crime e faço anotações, medições, observações…
CHC: Seu trabalho é examinar pessoas mortas? Isso é difícil?
Thiago: No início do trabalho na perícia, foi difícil. Mas, como médico veterinário, já estava mais ou menos me acostumando com cenas de morte. Com o passar do tempo, você entende que faz parte do trabalho.
CHC: É verdade que o corpo continua a fazer barulhos mesmo depois de alguém morrer?
Thiago: É verdade! Faz parte do processo de decomposição do corpo humano, devido à eliminação de gases.
CHC: A rotina é tão intensa quanto as séries de TV mostram?
Claudiane: No meu caso, a rotina é bem diferente dos seriados. Não temos aqueles equipamentos todos e os resultados das análises não saem com tanta rapidez. Mas algumas coisas são parecidas, como o uso do luminol, aquela substância que reage para mostrar manchas de sangue que as pessoas tentam esconder.
CHC: Qual foi o fato mais inesperado que já ajudou vocês a resolver um crime?
Claudiane: Um fato muito estranho foi quando descobrimos a presença de veneno em um brigadeiro. A pessoa achou o aspecto do doce estranho e foi até a delegacia. Ainda bem (risos)!
Thiago: Teve um dia que saímos para uma determinada ocorrência e vimos, no caminho, um homem todo sujo de sangue. Era muito sangue mesmo! Quando paramos e interrogamos o sujeito, descobrimos que ele foi o responsável pelo crime. Todo o trabalho de investigação foi poupado (risos).
CHC: Não existe uma faculdade dos peritos. Então, como se aprende o que fazer?
Claudiane: Minha formação é em química e a do Thiago, em medicina veterinária. Até fizemos faculdade no mesmo lugar, na Universidade Federal Fluminense, mas nos conhecemos mesmo na Academia de Polícia. Foi lá que aprendemos o que fazer no trabalho, seja nas cenas de crime ou no laboratório.
CHC: Além dos estudos, o que não pode faltar no trabalho de um perito ou perita?
Thiago: Não pode faltar curiosidade e olhar atento. Ás vezes, perceber um detalhe na cena do crime faz toda a diferença na dinâmica da investigação.
CHC: Como vocês se preparam para ver tantas cenas fortes?
Claudiane: Nos preparamos através das vivências na Academia de Polícia. Temos aulas e atividades com professores que também são peritos, só que mais experientes, e com profissionais da área de psicologia. Já no trabalho, não temos mais um acompanhamento direto. Mas sempre vamos a palestras e eventos com toda a classe policial para debater o assunto da saúde no trabalho.
Thayuan Leiras,
Jornalista,
Especial para a CHC.
Matéria publicada em 26.09.2018
Alice 3B
Que legal!
Alicelena Bueno Ferraz Costa
Eu achei bem interessante e legal sobre o assunto 🚓🧪