Já pensou em fazer um mergulho no fundo mar? Você pode se surpreender com uma formação rígida e bem colorida: os recifes de coral! Como o nome sugere, os recifes são formados pelos corais – animais parentes das águas-vivas e anêmonas –, mas outros organismos podem contribuir com a construção desses ambientes, como algas calcárias. Um detalhe curioso é que nem todos os corais formam recifes, apenas aqueles que apresentam esqueleto calcário, ou seja, durinho.
Para ter muitas cores, o coral conta com as zooxantelas – algas microscópicas que ficam sobre o seu esqueleto. Mas é claro que essa interessante amizade vai muito além da cor, porque, enquanto o coral oferece espaço para a alga fazer sua casa, a alga doa parte de seus nutrientes para o coral.
Agora, por que os recifes de coral são tão importantes? Primeiro, porque eles apresentam uma grande biodiversidade, servindo de local para reprodução e alimentação de muitas espécies. A depender da localização, peixes, esponjas, lagostas, caranguejos, ouriços, estrelas-do-mar e tartarugas vivem em torno dos recifes. Fora isso, são estruturas resistentes, que suportam a energia das ondas e das correntes marítimas, diminuindo os impactos da água do mar no litoral. E tem mais: eles têm um grande potencial alimentício (já que abrigam muitos organismos para pesca), turístico (porque têm muita vida para vislumbrar) e farmacêutico (uma vez que têm muitas substâncias que podem ser extraídas para uso medicinal).
Toda essa riqueza, porém, está ameaçada… Um dos motivos é que os recifes de coral são muito sensíveis às mudanças de temperatura. Pois é: a temperatura elevada da água prejudica a relação entre os corais e as algas – elas vão embora e deixam os corais esbranquiçados. Com isso, lá se vão as cores e também parte dos nutrientes. Resultado: os recifes não sobrevivem.
O aumento da temperatura da água do mar está relacionado com o aumento das emissões de gás carbônico na atmosfera. E de onde vem o gás carbônico em excesso? Da poluição, das queimadas, do desmatamento… Assim como as florestas, a água do mar também captura o gás carbônico do ar para transformá-lo em oxigênio. Mas o excesso deste gás, além de aumentar a temperatura, deixa a água mais ácida, dificultando que o coral capture da água os elementos necessários para construir seu esqueleto.
Os recifes de coral também sofrem com ações desordenadas da pesca, do turismo, do transporte marítimo, da ocupação no litoral… Será que é possível ajudá-los de alguma forma? Bom, uma das formas de protegê-los é com as Unidades de Conservação, como o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no litoral da Bahia, que tem a finalidade de cuidar das belezas naturais e, ao mesmo tempo, oferecer oportunidades educacionais, recreativas e científicas. É nessa região que se concentra a maior diversidade de corais no Brasil, abrigando, por exemplo, o coral-cérebro (Mussismilia braziliensis).
Outra forma de proteção é reduzir as emissões de gases que aumentam a temperatura na Terra, utilizando mais transporte público ou bicicletas. Além disso, diminuir a produção de lixo e descartá-lo corretamente são ações de ouro. Afinal, ninguém gosta de poluição, inclusive os corais, que vivem grande parte da vida aderidos ao fundo do oceano, sem poder fugir dos problemas, como o lixo que pode chegar até eles.
Guarde bem! Nem pedras, nem plantas, os corais são animais que criam refúgios para a biodiversidade marinha. A nossa geração e as próximas têm a importante missão de não permitir que esses refúgios desapareçam!
Tássia Biazon
Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano
Universidade de São Paulo
Miguel Mies
Instituto Oceanográfico
Universidade de São Paulo
Matéria publicada em 07.06.2023