Atenção, leitoras e leitores! Está na hora de ajustar sua lente imaginária para ver criaturas muito pequenas: as microalgas! Embora existam microalgas consideradas grandes (fáceis de ver ao microscópio), a maioria somente se revela quando o microscópio as amplia até cerca de mil vezes! Muitas, como as cianobactérias, só podem ser vistas em detalhe por meio de microscópio eletrônico, equipamento que permite aumentos de milhares de vezes.
Além das cianobactérias, os dois tipos de fitoplâncton (microalgas) mais comuns são as diatomáceas e os dinoflagelados. As diatomáceas são consideradas os organismos unicelulares mais bonitos do planeta! Isso porque elas são revestidas por uma espécie de armadura formada por sílica, uma das substâncias que constituem o vidro. Essa estrutura externa é ornamentada com tanta riqueza de detalhes que elas parecem verdadeiras joias. E cada espécie tem sua própria ornamentação! Então, imagine a variedade de formas, considerando que existem dezenas de milhares de espécies de diatomáceas conhecidas.
Os dinoflagelados ou “dinos”, como cientistas costumam chamá-los no dia a dia, são exímios nadadores. Devido ao batimento de dois flagelos (estruturas que parecem fios), eles nadam girando em torno do próprio eixo – sua trajetória na água lembra uma hélice. Os dinoflagelados podem ser tão pequenos que há espécies que vivem dentro das células de outros organismos, como corais, águas-vivas e moluscos. São mesmo muito interessantes e merecem um mergulho exclusivo para observá-los.
Há dinoflagelados bioluminescentes, isto é, que produzem sua própria luz, assim como os vagalumes fazem em terra firme. Outras espécies são capazes de produzir poderosas toxinas e, em certas condições, podem causar a intoxicação de peixes e frutos do mar. Muitas não fazem fotossíntese, ou seja, não produzem sua energia com base na luz solar, e se alimentam de diatomáceas e outros pequenos organismos do plâncton; enquanto outras espécies têm a mesma dieta e ainda fazem fotossíntese!
Ao realizar a fotossíntese, o fitoplâncton consome toneladas de gás carbônico da atmosfera, tanto quanto as florestas e demais plantas terrestres. Quando morrem, as microalgas que não foram consumidas afundam lentamente, levando o carbono orgânico armazenado em seus corpos para as camadas mais profundas do oceano. Uma parte delas chega até o assoalho oceânico, onde fica “armazenada” por muito, muito tempo. Assim, uma fração do excesso de gás carbônico gerado pela atividade humana não volta para a água nem para a atmosfera. Esse processo é muito importante para a regulação do clima de todo o planeta. Agora já dá para entender o ditado que diz que tamanho não é documento, né?
Alvaro Esteves Migotto
Centro de Biologia Marinha
Universidade de São Paulo
Tássia Biazon
Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano
Universidade de São Paulo
Matéria publicada em 11.11.2024