Macacos podem se alimentar de iguarias muito diferentes.

Macacos japoneses comendo barro.
Foto Sarah Salal / Wikimedia Commons

O que você gosta de comer? Arroz com feijão? Sopa de macarrão? Frutas variadas? Queijo? Doce de leite? São tantas opções deliciosas que fica difícil escolher. Mas eu aposto que barro não está na sua lista! E será que alguém gosta de comer barro? Pois acredite: muitos macacos comem!

Cientistas já observam esse comportamento há bastante tempo. Querendo entender melhor o motivo, a primatóloga (especialista em primatas) estadunidense Paula Pebsworth e outros três colegas pesquisadores decidiram reunir todas as informações já coletadas sobre o assunto.

Eles descobriram que 136 das cerca de 500 espécies de primatas do mundo já foram vistas comendo barro. Esse comportamento tem até um nome científico: geofagia. E a lista de comedores de barro (geófagos) inclui primatas brasileiros, como os bugios, cuxiús, guigós, macacos-prego, micos-leões-de-cara-preta e muriquis-do-norte.

Mas, calma! Os primatas não se alimentam só de barro! Na verdade, a maioria deles se alimenta principalmente de folhas ou de frutas. Então, por que será que eles também comem barro?

Essa é uma pergunta difícil de responder! Mas há algumas hipóteses. Uma delas diz que a geofagia funciona como um remédio natural e ajuda os macacos no combate a parasitas intestinais, além de neutralizar substâncias tóxicas de algumas folhas e frutos que eles comem.

Outra hipótese sugere que o barro pode ser uma espécie de suplemento alimentar. Isso significa que ele teria minerais importantes que os primatas não encontram em sua alimentação comum.

A pesquisa da equipe de Paula Pebsworth indica que a geofagia serve principalmente como proteção contra parasitas e toxinas. Mas o mistério ainda não foi totalmente resolvido. Ainda falta investigar, por exemplo, se machos e fêmeas (grávidas e não grávidas), jovens e adultos, comem barro da mesma forma. Também é preciso analisar mais amostras de barro em laboratório para confirmar se ele funciona como suplemento ou como remédio. Além disso, é necessário testar se as plantas e frutos que os primatas comem têm compostos tóxicos que o barro poderia neutralizar.