Quero saber…

… se Palmares foi o único quilombo na História do Brasil escravista?

Ilustrações Mariana Massarani

Quilombo é uma palavra africana, de origem bantu, que no Brasil assumiu o sentido de assentamento ou agrupamento de escravos fugidos. Quando falamos sobre quilombos no Brasil é comum que Palmares seja lembrado de imediato, assim como seu líder, Zumbi. Apesar de muito importante para a história do país, especialmente para a população negra, Palmares não foi o único quilombo que existiu durante o longo período de vigência da escravidão – aproximadamente entre 1550 até a abolição em 1888. A primeira referência a um quilombo no Brasil data de 1575, na Bahia. Mas existiram quilombos por todas as capitanias, províncias e estados do Brasil, com localizações e formas de organização variadas. Para alguns, o esconderijo nas florestas e montanhas representava uma estratégia de sobrevivência, tanto pela disponibilidade de água e demais recursos naturais quanto pela distância da sociedade que os maltratava. Já outros tinham nas relações com a sociedade do entorno o seu ganha pão a partir das trocas comerciais com camponeses. Mas não somente no campo estavam os quilombos, muitos também se localizavam nas cidades, e sabiam usufruir de suas vantagens, como os transportes, para se manterem. Os quilombos, em sua diversidade de formas, localizações e organizações, ocuparam um importante lugar na luta pela libertação dos escravizados no Brasil.

Deborah Fontenelle
Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Programa de Pós-graduação em História Social – PPGHIS, Universidade Federal do Rio de Janeiro

…se homens e mulheres foram eleitos igualmente nas eleições municipais de 2020? 

Existem mais mulheres do que homens no país. Elas também representam mais da metade dos eleitores brasileiros. Mesmo assim, hoje, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão responsável pelas eleições no Brasil, ainda há pouca representatividade feminina na política. No primeiro turno das eleições municipais de 2020, foram eleitas pelo país 651 prefeitas e 4.750 prefeitos; 9.196 vereadoras e 48.265 vereadores. Como se vê, o direito de voto, conquistado em 1934, ainda não garantiu às mulheres o mesmo espaço de participação como representantes eleitas do povo brasileiro. Olhando para a história do nosso país, vemos que durante muito tempo se acreditou que o lugar de mulher era somente no ambiente da casa e nunca ocupando cargos de liderança. No mundo do trabalho, as mulheres foram sempre colocadas em posição inferior à dos homens, mesmo tendo condições iguais ou superiores, de estudo ou experiência –  o que só veio a ser questionado há pouco tempo. Esse olhar destorcido sobre a capacidade feminina tem suas raízes no patriarcalismo, onde a figura masculina está associada com quem manda, e o homem é colocado como personagem central nos setores considerados mais importantes. Esta é uma característica forte da sociedade brasileira, que impede que a igualdade de direitos seja garantida e de fato exercida por todos… e todas!

 

Monica Lima
Instituto de História
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Matéria publicada em 20.11.2020

Seu Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Outros conteúdos desta edição

700_280 att-34321
700_280 att-34424
700_280 att-34432
700_280 att-34370
700_280 att-34307
700_280 att-34443
700_280 att-34298
700_280 att-34325
700_280 att-34315
700_280 att-34398
700_280 att-34448
700_280 att-34462
700_280 att-34392
700_280 att-34467
700_280 att-34406

Outros conteúdos nesta categoria

700_280 att-47070
700_280 att-46901
700_280 att-46631
700_280 att-45771
700_280 att-45266
700_280 att-45104
700_280 att-44892
700_280 att-44656
700_280 att-44403
700_280 att-44019
700_280 att-43727
700_280 att-43516
700_280 att-42931
700_280 att-43090
700_280 att-42071