Que comecem os Jogos! E o respeito à natureza

Em 2024, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos acontecem em Paris, a capital da França! E já chamam a atenção desde a escolha das mascotes. Em vez de um animal, como geralmente acontece, nesta edição as mascotes têm a forma de um chapéu ou gorro, já reparou? Elas ganharam o nome de Phryges. Com essa escolha, a organização dos Jogos quis dar um recado ao mundo. Mas que recado é esse? Ele tem a ver com a tradição de paz que esse evento promove e traz um alerta sobre um futuro de proteção do nosso planeta. Quer ver só como todas essas ideias se conectam?

Ilustração Walter Vasconcelos

Esse tipo de gorro que virou mascote dos Jogos de Paris tem o nome de barrete frígio e um significado forte na França. Sua história é antiga… Quando, na Roma Antiga, um gladiador escravizado ganhava uma luta, ele recebia um barrete frígio, que era o símbolo de sua libertação. Tempos depois, o gorro foi usado por manifestantes durante a Revolução Francesa, que aconteceu no final do século 18. Seus participantes queriam o fim da monarquia e dos privilégios da nobreza, e tinham como lema “liberdade, igualdade e fraternidade”. Assim, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos desta edição pretendem ser um manifesto pela paz, pela igualdade de direitos e pela irmandade entre os povos. É uma revolução pelo esporte!

Aliás, foi com esse objetivo de promoção da paz e do respeito através do esporte que foram criados os Jogos Olímpicos da era moderna. Eles foram idealizados justamente por um francês, Pierre de Coubertin, no fim do século 19. E nada como o maior evento esportivo do mundo, com atletas de mais de 200 países, para exaltar essa união entre os povos, certo?

Emergência climática

Além de exaltar sua origem histórica, os Jogos Olímpicos de 2024 chamam a atenção para a emergência climática que a Terra vive. Se nós, humanos, não conseguirmos reduzir as emissões de gases poluentes na atmosfera e frear outras ações que prejudicam a natureza e o meio ambiente, viveremos situações cada vez mais difíceis. 

Você deve estar se perguntando que situações são essas, mas certamente já viu muitas delas nos noticiários: tempestades devastadoras (como as que aconteceram no Rio Grande do Sul, em maio de 2024), temperaturas extremas (abril de 2024 foi considerado o mês mais quente da história da Terra), queimadas de grandes áreas, extinção de diversas espécies da fauna e da flora, entre outras catástrofes. 

Os Jogos de 2024 querem dar uma amostra de como é possível que grandes eventos aconteçam com menor impacto para a natureza. Por isso, planejam ser a edição mais sustentável de todos os tempos!

Plásticos fora do jogo

A edição de 2024 pretende reduzir à metade a “pegada de carbono” em comparação com os Jogos Olímpicos anteriores. Não faz ideia do que seja isso? É simples! A “pegada de carbono” tem a ver com a quantidade de gás carbônico que determinada atividade libera na atmosfera. 

O gás carbônico é um dos gases que provocam o efeito estufa – que, por sua vez, gera o aquecimento global e, consequentemente, as mudanças climáticas. A fumaça que sai das indústrias e dos canos de descarga dos automóveis movidos a combustíveis fósseis, por exemplo, é carregada de gás carbônico. Então as indústrias têm que pensar como reduzir as emissões desse gás? Claro! E nós também precisamos fazer escolhas mais conscientes, seja escolhendo meios de transporte menos poluentes, seja preferindo comprar de fabricantes que demonstram preocupação com o meio ambiente.

A produção do plástico é outro exemplo de atividade muito poluente. Por isso, durante os Jogos de 2024, tanto o público quanto os atletas não poderão utilizar garrafas ou outros materiais plásticos descartáveis. A hidratação dos atletas, até mesmo na maratona, será feita por meio do uso de copos reutilizáveis. A iniciativa de banir o plástico descartável pretende ir além das olimpíadas e criar um hábito para outros eventos de grande porte.

Paris, capital da França: sede dos Jogos Olímpicos de 2024.
Foto Nicolas Michaud/Flickr
Na Vila Olímpica, onde se hospedam os atletas, tem energia solar transformada em energia elétrica e refrigeração a partir de água, para evitar uso de ar condicionado
Foto Divulgação

Economia circular

A organização dos Jogos de 2024 também investiu na instalação de painéis de energia solar e na criação de mais espaços para bicicletas. Até o cardápio deve incluir menos carne e mais opções de comidas vegetarianas. E muitas das instalações que vão abrigar os atletas já existiam e foram readaptadas para esse fim. Outras foram construídas como temporárias ou com uso reduzido de cimento e madeira, são alimentadas com energia solar e têm espaços verdes.

Paris também se comprometeu a oferecer oportunidades às comunidades locais, valorizando um modelo chamado economia circular. Já ouviu falar? Esse modelo de produção e comercialização permite a redução, reutilização e reciclagem de materiais e energia, e também o conserto de produtos. 

Com essas atitudes, a cidade sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos pretende mostrar ao mundo como é possível reunir milhares de pessoas minimizando impactos ambientais. E impulsiona a conscientização sobre a importância da sustentabilidade em todas as esferas da sociedade, para além do esporte. Isso que é espírito olímpico!

Você sabia…

…  que a primeira edição dos Jogos Olímpicos aconteceu há cerca de 2.800 anos? De acordo com historiadores e arqueólogos, ela ocorreu na cidade de Olímpia, na Grécia. Daí vem a origem do nome Olimpíadas.

…  que os Jogos Olímpicos da Antiguidade se tornaram símbolo da paz e da união entre os povos porque, no período em que aconteciam as competições, todas as guerras e rivalidades entre nações eram suspensas de comum acordo?

…  que foi o francês Pierre de Coubertin quem criou os Jogos Olímpicos da era moderna? Ele, que sempre foi apaixonado por esportes, teve a ideia depois de saber das escavações arqueológicas que revelaram informações sobre os Jogos Olímpicos da Antiguidade. Então, criou o Comitê Olímpico Internacional e fez a primeira competição acontecer também em Olímpia, no ano de 1896.

…  que as mulheres eram proibidas de competir e assistir aos Jogos Olímpicos da Antiguidade? Foi somente em 1900, nas Olimpíadas de Paris, que elas passaram a marcar presença como público e como atletas.

Fotos Wikipédia

Silvia Cristina Franco Amaral
Faculdade de Educação Física
Universidade Estadual de Campinas

Adriana Fonseca Braga
Especialista em desenvolvimento sustentável

Matéria publicada em 01.07.2024

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