Dois cientistas brasileiros fizeram uma descoberta muito legal: encontraram o segundo exemplar conhecido de uma espécie de perereca considerada extinta: a perereca-de-fímbrias. O curioso é que o bicho não foi encontrado na natureza, mas em um museu! Achou essa história estranha? Vamos “voltar no tempo” para entendê-la.
O ano é 1898 e o pesquisador Hermann Lüderwaldt achou, em meio à floresta, na Serra de Paranapiacaba, em São Paulo, uma perereca com tons de verde intenso e laranja. Hermann coletou o animal e o levou para o Museu Paulista, atual Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, onde a perereca foi preservada e catalogada.
Anos depois, em 1923, outro cientista, Alípio de Miranda-Ribeiro, percebeu que aquele anfíbio coletado por Hermann pertencia a uma espécie desconhecida! Alípio tratou de descrevê-la e batizou a espécie de Phrynomedusa fimbriata, a perereca-de-fímbrias, por causa das muitas franjas de pele ao longo de seus braços e pernas.
O problema é que ninguém nunca mais encontrou essa espécie na natureza! Todas as buscas por mais exemplares falharam. Então, cientistas começaram a desconfiar que a perereca-de-fímbrias poderia estar extinta! Mas, como?
Nas últimas décadas, fatores como o desmatamento, a poluição, doenças e mudanças climáticas têm levado à diminuição das populações de anfíbios e até o desaparecimento de espécies em todo o mundo. A perereca-de-fímbrias teria sido uma dessas vítimas, e, em 2003, foi declarada extinta pelo Ministério do Meio Ambiente. Uma lástima! Seria ela agora uma “perereca fantasma”?
Agora, vamos voltar à descoberta do início do texto. Em 2024, os herpetólogos – especialistas em anfíbios e répteis – Délio Baêta e José Pombal Júnior divulgaram o encontro de um segundo exemplar da perereca-de-fímbrias. O animal, coletado há mais de 60 anos, também está preservado no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo e estava todo este tempo identificado como sendo de outra espécie!
O “novo” exemplar foi achado a muitos quilômetros da Serra de Paranapiacaba, na Serra da Pedra Branca de Araraquara, no estado do Paraná. Isso significa que os cientistas também precisam procurar pela perereca-de-fímbrias nesta região e nas florestas preservadas entre Paranapiacaba e Pedra Branca de Araraquara.
Essa descoberta nos mostra como os museus de história natural são importantes para nos ajudar a catalogar a rica biodiversidade do nosso país. E nos traz esperança de que talvez a perereca-de-fímbrias não esteja extinta, mas seja muito, muito rara.
Se isso for verdade, seria uma notícia maravilhosa! Por isso, pesquisadores do Projeto Dots, dedicado a documentar as espécies brasileiras ameaçadas de extinção, já estão se organizando para buscar a “perereca fantasma”. Tomara que ela seja encontrada!
Henrique Caldeira Costa,
Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Juiz de Fora
Sou biólogo e muito curioso. Desde criança tenho interesse em pesquisar os seres vivos, especialmente o mundo animal. Vamos fazer descobertas incríveis aqui!
Matéria publicada em 05.12.2024
carlo eduardo campos silva
oi Henrique gostei muito da matéria sobre os sapos. UM ABRACO.
Davi Luiz Nunes
Oi Henrique, eu achei o tema muito legal, aprendi muito sobre os sapos e sopre a natureza UM abraço.