Nessas férias, vi duas crianças na praia deixando uma areia fina escorrer pelas mãos, enquanto conversavam assim:
– Quantos grãos de areia será que tem nessa praia?
– Deve ter um milhão… Não… Um bilhão! Não… Um trilhão! Não… Sei lá!
– Deve ser um número tão grande que nem tem nome.
– Ou então é infinito!
– E infinito é um número?
– Sei lá!
Essa conversa me fez lembrar que as crianças são especialistas em pensar tarefas que parecem impossíveis. Mas você sabia que alguns cientistas também adoram esse tipo de brincadeira?
Sim, há mais de dois mil anos um dos maiores matemáticos de todos os tempos, Arquimedes, tentou estimar quantos grãos de areia caberiam, não somente em uma praia, mas no universo inteiro. Isso mesmo, no universo inteiro!
Imagine só: ele não sabia exatamente nem o tamanho do universo, nem o de um grão de areia. E, para piorar, na época do Arquimedes as pessoas não sabiam bem como escrever nem pensar sobre números gigantescos. Parece ou não uma tarefa impossível?
Mas a matemática é uma ótima companheira para essas tarefas, e Arquimedes conseguiu chegar a um número como resposta. Se ele chegou perto ou não do número que os cientistas de hoje consideram correto, deixo para você pesquisar nos livros ou na internet, tudo bem?
Só vou dizer uma coisa: imagine que todas as pessoas do planeta Terra, mais os gatos e cachorros, onças, elefantes e todos os animais estivessem comendo pipoca sem parar desde que o universo começou a existir. Seria muita pipoca, não? Então, o número de pipocas comidas nesse festival imaginário da pipoca seria muito, mas muito menor mesmo, do que o número de Arquimedes.
E deixo também algumas sugestões caso você tenha se interessado por estimativas: quantos grãos de feijão tem em pacote de 1 quilo? Quantas pipocas cabem na maior panela da sua casa? Mas para as estimativas, nada de internet, tente usar a cuca!
Pedro Roitman,
Instituto de Matemática,
Universidade de Brasília
Sou carioca e nasci no ano do tricampeonato mundial de futebol – para quem é muito jovem, isso aconteceu em 1970, século passado! Enquanto fazia o curso de Física na universidade, fui encantado pela Matemática. Hoje sou professor.
Matéria publicada em 29.01.2020