Desde 2013, o telescópio espacial da missão americana NEOWISE tem monitorado asteroides e corpos similares – os chamados NEOs (sigla que, em português, significa “objetos próximos à Terra”) – que podem se chocar com o nosso planeta. O objetivo é entender e reduzir os riscos de colisões de corpos grandes o suficiente para causar danos à Terra. Durante 11 anos, a NEOWISE estudou as características de milhares de NEOs e descobriu algumas centenas de novos objetos, com dimensões da ordem de centenas de metros, que, caso colidissem com nosso planeta, poderiam ter consequências catastróficas, dependendo da região de impacto.
Acontece que, em agosto de 2024, a missão foi finalizada, e estamos sem o observador espacial para nos alertar. Isso aconteceu porque a atividade solar está chegando perto do seu máximo para o ciclo atual, fazendo com que a região da atmosfera onde o telescópio espacial opera modifique suas características a ponto de ele não conseguir mais permanecer nela. Até o final de 2024, o NEOWISE, com seus 700 quilogramas, deve cair na Terra, em localidade ainda desconhecida.
Felizmente a NEOWISE realizou suas tarefas de maneira tão exemplar que abriu caminho para uma próxima missão que vai substituir suas atividades: a missão NEO Surveyor, também da NASA, que deverá ser lançada em 2027, com capacidade de mapear grandes objetos.
Mas o que acontece durante este período no qual estaremos sem vigilância? Boa pergunta! Até a NEO Surveyor entrar em operação, os cientistas vão confiar nos dados acumulados até o momento, que permitem estimar que um choque de um corpo com mais de 140 metros de tamanho ocorre a cada 20 mil anos na Terra. Por isso, um choque de um NEO ainda não mapeado nestes próximos três anos, ainda mais em um lugar muito povoado, seria muito azar!
Por fim: descobrir um NEO é uma coisa, mas fazer algo para tentar desviá-lo, caso ele esteja em rota de colisão com a Terra, é algo completamente diferente. Felizmente, em setembro de 2022 a missão DART demonstrou que é possível modificar o caminho de um objeto pelo choque de uma nave espacial com sua superfície, o que abriu uma perspectiva promissora para a defesa planetária no futuro.
E você, teria alguma ideia para evitar o impacto de um asteroide com a Terra?
Eder Molina
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Universidade de São Paulo
Sou paulista, e já nem lembro quando nasci… Sempre fui curioso sobre o porquê das coisas, e desde criança tinha meu clubinho da ciência. Hoje sou professor de Geofísica e continuo xereta e buscando aprender muitas coisas, principalmente sobre a Terra e o Sistema Solar.
Matéria publicada em 05.12.2024