Guardo com muito carinho a lembrança de quando eu e meu irmão, levados pelos nossos pais, visitamos pela primeira vez o Planetário do Rio de Janeiro, agora Fundação Planetário. No meu tempo de criança, as visitas eram somente presenciais, mas hoje também é possível conhecer o lugar em uma visita virtual. Acho isso o máximo, embora, na época, o que fazia a gente vibrar era recostar na cadeira e grudar os olhos na cúpula em formato de meia-esfera. A cúpula funciona como uma tela, onde se projetam simulações do movimento real dos astros. Acha que eu fiquei louco com essa experiência? Acertou em cheio!
A sessão a que assistimos no Planetário chamava-se “Até que o Sol se apague”, e o que mais lembro é da última parte. Falava que o Sol, próximo de seu fim, iria se expandir tanto que, provavelmente, engoliria a Terra ou, pelo menos, morreríamos todos torrados, dada nossa proximidade com as camadas mais externas do astro-rei. Um discreto grito de horror foi emitido por quase toda a plateia – por mim, inclusive. “Mas calma, pessoal”, prosseguia o narrador: “isso só se dará daqui a cinco bilhões de anos…”. Ufa! Lembro que, como muitos, eu ri. Afinal, era uma pegadinha… Só que não!
Jaime Fernando Villas da Rocha,
Departamento de Física,
Instituto de Biociências,
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Membro do Interdisciplinary Center for the Unknown
Sou astrônomo e, claro, um apaixonado pelos astros – a começar pelo planeta em que vivemos. Este espaço fala de como vemos o Espaço, incluindo a Terra.
Matéria publicada em 10.07.2021
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