Extra! Extra! Notícias fresquinhas de Marte!
Há pouco mais de três bilhões de anos, a superfície marciana continha grandes volumes de água líquida, distribuída ao longo de rios, lagos, oceanos e aquíferos (que é a água armazenada entre as rochas). Com a perda da atmosfera do planeta vermelho, grande parte desta água pode ter sido perdida para o espaço ou estar atualmente presente nas calotas polares e no subsolo do planeta, de diversas formas: incorporada aos minerais, enterrada como gelo, ou na forma líquida em aquíferos profundos.
Para chegar a essas conclusões, houve muita pesquisa baseada em vários fatores, como nos tremores que o planeta já sofreu e as características das rochas, como densidade, porosidade e preenchimento dos poros com diferentes fluidos, incluindo a água.
A análise e interpretação dos dados sísmicos (que estudam as vibrações que ocorrem no interior da Terra) obtidos pelo sismógrafo da missão InSight (uma sonda que foi enviada para análise das rochas marcianas), entre 2018 e 2022, permitiu dividir a crosta de Marte em quatro camadas. E, de acordo com um estudo recente, que utilizou informações retiradas da observação de abalos sísmicos e choques de corpos com a superfície do planeta vermelho, a crosta média de Marte, que vai de 11 a 20 quilômetros, aproximadamente, pode apresentar muitas fraturas e água acumulada.
Essas análises permitem avaliar as propriedades das rochas existentes em Marte, que podem ser de dois tipos: porosas, com muita água líquida preenchendo os poros, ou muito compactas e fraturadas. Neste último caso, as fraturas também podem acumular um grande volume de água no estado líquido.
E como saber qual destes tipos de rocha deve existir por lá? Para distinguir qual seria o mais provável, dentre os vários modelos possíveis, cientistas utilizaram diversas combinações de tipos de rochas, porosidade e preenchimento dos poros com água. Os melhores resultados foram os que consideravam uma crosta média muito fraturada com a presença de grande volume de água nas fraturas.
Ter uma boa ideia sobre a quantidade de água presente nas diversas camadas do planeta vermelho é fundamental para entender a sua evolução e a evolução de seu clima. As pesquisas ajudam também a identificar possíveis ambientes habitáveis hoje ou no passado na crosta de Marte, onde comunidades microbianas (organismos minúsculos) poderiam existir, como acontece, por exemplo, em nosso planeta.
E você, achava que existia tanta água escondida no planeta vermelho?
Eder Molina
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Universidade de São Paulo
Sou paulista, e já nem lembro quando nasci… Sempre fui curioso sobre o porquê das coisas, e desde criança tinha meu clubinho da ciência. Hoje sou professor de Geofísica e continuo xereta e buscando aprender muitas coisas, principalmente sobre a Terra e o Sistema Solar.
Matéria publicada em 04.10.2024
zezin das cachaças
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