A cantoria no brejo é garantida nas duas estações. A maioria das espécies de anfíbios anuros (que inclui sapos, rãs e pererecas) prefere cantar na época mais quente do ano, mas outras preferem o tempo mais frio. Isso porque cada espécie responde de forma diferente ao clima. As chamadas pererecas-de-inverno (Boana bischoffi), por exemplo, conseguem cantar e alegrar o brejo nas noites frias. Esse comportamento provavelmente é resultado de como as espécies evoluíram em relação ao clima ao longo do tempo. E é influenciado pela região onde a espécie surgiu, como a Amazônia (onde é quente o ano todo) ou nos Pampas (onde faz um frio danado no inverno!).
Essa divisão é muito importante para a estabilidade das espécies. Imagine se todos os sapos tivessem o mesmo gosto pelo verão? Os brejos ficariam superlotados nesta estação. E a covid-19 já nos mostrou o problema de muita gente junta no mesmo lugar: transmissão de doença. Se por acaso um vírus chegasse ao brejo durante o verão e todas as espécies de anuros da região estivessem ativas cantando, todas seriam contaminadas, e aquela comunidade de anfíbios seria extinta. Isso traria um prejuízo enorme para o ecossistema!
Com essa alternância de atividades no brejo, a comunidade de espécies fica mais resistente ao desenvolvimento de doenças e catástrofes, como uma enchente. Se por algum motivo as espécies que cantam em uma época desaparecerem, ainda haveria outras espécies para continuarem cantando no mesmo brejo, mesmo que em época diferente. E você, gosta mais dos dias frios ou quentes para brincar?
Diogo Borges Provete e Karoline Ceron
Instituto de Biociências
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Quando todos os indivíduos de uma espécie desaparecem da natureza, quer dizer que ela foi extinta. E uma das principais causas disso, adivinhe só, são as atividades humanas. Ações como a caça e a pesca ilegais, além da destruição das florestas, poluição de rios, atividades intensas de agricultura e criação de animais podem levar ao surgimento de doenças e à falta de alimento e de abrigo para os bichos, que acabam morrendo.
As mudanças climáticas também podem levar ao desaparecimento de animais mais sensíveis às variações na temperatura, como anfíbios e répteis. Essas mudanças climáticas sempre existiram, mas elas têm se acelerado devido às atividades humanas (elas de novo!), principalmente a poluição do ar.
Catástrofes naturais ou eventos geológicos como terremoto, ciclone, erupção de vulcão ou glaciação (que é a ação das geleiras sobre a superfície da Terra) também podem ser causas de extinções. Quem aí já ouviu falar sobre a extinção dos dinossauros, há milhões de anos?
Outras causas de desaparecimento de animais são a introdução de espécies invasoras, que causam desequilíbrio a um ecossistema, e o processo de seleção natural, onde as espécies mais adaptadas sobrevivem.
O resultado dessa perda da biodiversidade é muito negativo. O desaparecimento de uma única espécie pode prejudicar a cadeia alimentar, e ainda diminuir a produção de alimentos e facilitar o surgimento de doenças infecciosas que antes não contaminavam humanos.
É fato que a extinção de espécies sempre ocorreu na história da vida na Terra. Porém, não devemos acelerar esse percurso. Devemos cuidar da natureza e, assim, cuidaremos de nós mesmos!
Gabryella de Sousa Mesquita
Instituto de Ciências Biológicas
Universidade Federal de Goiás
e Instituto Boitatá
Leões quase sempre apresentam uma juba volumosa e são responsáveis pela defesa do bando e demarcação do território. Já as leoas são “carecas” e se encarregam da caça e dos filhotes.
Quando acontece assim, de machos e fêmeas de uma mesma espécie apresentarem características diferentes, que não estão relacionadas com diferenças dos órgãos reprodutivos, dizemos que a espécie apresenta dimorfismo sexual. Essas diferenças podem ser tanto na forma quanto no comportamento e podem ser usadas em competições por seus pares.
Por muito tempo se pensou que a juba dos leões seria um atrativo para as leoas. E que quanto mais farta a juba do leão mais capaz ele seria de gerar filhotes fortes e saudáveis. Mas um estudo de 2006 sugere que o volume da cabeleira desses felinos não está relacionado à atração das leoas, e sim à influência do clima onde eles vivem!
De acordo com esse estudo, leões que vivem em locais quentes teriam jubas menores do que leões moradores de locais frios. Afinal, não seria vantajoso usar um cachecol de pelos no calorzão! Essa é uma das explicações para leões com pouca juba, comuns na região de Tsavo, no Quênia, por exemplo.
E sabia que há também casos de leoas com juba? Elas são raras, e foram observadas em cativeiro. As causas que levam ao crescimento da juba em leoas ainda não são conhecidas. Mas pesquisadores acreditam que seja o resultado de uma anomalia genética ou de alterações hormonais.
Com juba ou sem juba, são animais majestosos e, não à toa, são considerados os reis da selva!
Maria Clara do Nascimento
Laboratório de Evolução de Mamíferos
Universidade Federal de Minas Gerais
Matéria publicada em 25.06.2021