Nariz para fazer som!

Você recebeu o convite para assistir à apresentação de uma grande orquestra. O teatro está lotado e o seu ingresso é para – uau! – a primeira fila! Você está muito perto dos músicos. Pode ver violinos, violoncelos, contrabaixos, harpas, flautas, clarinetes, trompetes, tubas. O som é puro encantamento. Você aproveita cada segundo e sai de lá com a certeza de que uma obra musical é resultado da união de diferentes fontes sonoras, traduzindo a emoção de um compositor.

Continue viajando na imaginação e tente imaginar que você recebeu um convite para ver outra orquestra. Dessa vez não será no teatro, mas no fundo do mar! Os músicos são nada mais, nada menos do que os golfinhos! Sim, esses animais marinhos evoluíram um instrumento capaz de compor combinações de sons indispensáveis para se comunicarem com o seu grupo, navegar e caçar. Que instrumento é esse? O nariz dos golfinhos!

Foto Wikipédia

Já ouviu dizer que golfinhos são cetáceos? Pois é isso mesmo. Cetáceos são mamíferos adaptados à vida na água. Esses animais são descendentes de mamíferos terrestres. Ao longo de milhões de anos, as patas dianteiras desses antiquíssimos animais terrestres foram adaptadas para nadadeiras, o corpo foi alongado, surgiram barbatanas e as narinas migraram para o topo da cabeça.

Os cientistas classificam os golfinhos como cetáceos odontocetos. Isso quer dizer que eles não só transformaram o nariz em um órgão emissor de som como também a mandíbula e os ouvidos em um sistema de percepção sonora muito sensível, que os orienta para navegar e capturar peixes e cefalópodes (polvos e lulas, por exemplo).

 

Guilherme Frainer

Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal,
Departamento de Zoologia,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Matéria publicada em 16.08.2019

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