Falamos em múmias, você pensou no Egito? Normal. As múmias egípcias são realmente as mais conhecidas. Mas, saiba, não são as únicas: desde a Antiguidade, as mais diversas culturas em diferentes partes do mundo usaram diferentes técnicas de conservação de corpos. Além disso, muitos indivíduos foram preservados por condições naturais, em geral pelo frio ou em ambientes muito secos. E todos recebem o nome de múmias!
Algumas vezes, não se sabe exatamente o motivo de se prepararem múmias com técnicas especiais e trabalhosas. Porém, no caso do antigo Egito, conhece-se bem a razão: esse povo acreditava que, assim, levaria seus mortos até a presença dos deuses. As figuras consideradas mais importantes da sociedade, como faraós e sacerdotes, eram mumificadas. Os embalsamadores, figuras importantes na época, cobravam muito para fazer isso.
A técnica não era muito simples. De modo geral, retirava-se os órgãos internos, especialmente as vísceras e o cérebro, guardados em jarros especiais, e iniciava-se a dessecação do corpo. Para isso, usavam sal, capaz de retirar a umidade e evitar a putrefação. Em seguida, o cadáver era coberto com betume e enrolado com ataduras. Ervas aromáticas também ajudavam na preservação.
Todo esse processo era exclusivo de pessoas muito ricas. O que pouca gente sabe é que a grande maioria das múmias egípcias foi criada pelo clima do deserto, que causa desidratação rápida e conserva os corpos por si só. Os pobres eram enterrados na areia do deserto!
Múmias chilenas
Embora as múmias egípcias sejam as mais conhecidas, há outras bem mais antigas. São as múmias Chinchorro, do deserto de Atacama, no Chile. Datam desde 9.000 anos antes do presente, porém foram preparadas de modo bem diferente.
O princípio da técnica era o mesmo: retirar os órgãos de putrefação mais rápida. Depois, o corpo era preenchido com varas de madeira para que se mantivesse em posição estendida. Finalmente, cobria-se com argila e usava-se tinturas pretas, vermelhas ou brancas, de acordo com a época e cultura diferente.
Como acontecia com os pobres no Egito, os corpos Chinchorros também eram enterrados na areia, e o clima do deserto mais árido do mundo encarregava-se do processo final.
Múmias brasileiras
Talvez você não saiba das múmias brasileiras. São raras, mas existem! Algumas foram encontradas na região arqueológica da Serra da Capivara, no Piauí, e têm até 3.000 anos. Há outras na região norte de Minas Gerais, datadas do período colonial e depositadas no cemitério da igreja de Santo Antônio Aparecido de Itacambira; e também corpos parcialmente mumificados nos sítios arqueológicos do Vale do Peruaçú.
Entre grupos indígenas da Amazônia, havia ainda a cerimônia de encolher as cabeças dos inimigos. Eles retiravam a pele da cabeça dos mortos e cozinhavam em infusão, para depois enterrarem na areia quente até sua solidificação. As cabeças reduzidas foram tão comercializadas que se tornaram objeto de falsificações!
Múmias geladas
Além da conservação pelo clima seco, os corpos podem ser conservados pelo frio extremo, como no alto dos Andes e nas regiões mais frias da Terra, como Alasca, Groelândia, Rússia (Sibéria), entre outras. Um exemplo bastante conhecido é a múmia do “Homem do Gelo” (Ötzi).
Na Europa, encontram-se pântanos em que as condições de pH são muito ácidas, o que impede a proliferação de bactérias e consequente putrefação da matéria orgânica. Estas, em geral, são múmias de indivíduos sacrificados e estão muito bem preservadas.
Múmias animais
Agora, não pense você que a mumificação é exclusividade dos humanos. Por exemplo, cientistas já encontraram mamutes conservados no gelo da Rússia. Entre os Incas, na região andina, costumava-se enterrar indivíduos junto com seus animais – lhamas, cães, cobaios. No Egito antigo também era prática religiosa mumificar animais, como cães, gatos, filhotes de crocodilos, aves, entre outros.
Enfim, as múmias, completas ou parcialmente conservadas, artificial ou naturalmente, são importante fonte de informação sobre culturas antigas e suas relações com o ambiente em que viviam. Interessam também à paleoparasitologia, o estudo sobre origem e evolução de doenças infecciosas. Estudando-as, podemos conhecer muito melhor o passado e, possivelmente, entender aspectos futuros da humanidade.