A dengue, transmitida pela picada dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopiuctus, é uma doença perigosa e muito comum no Brasil. Por isso, cientistas do país estão sempre tentando criar novas estratégias para combatê-la. Na Amazônia, pesquisadores testam um método que usa os próprios insetos transmissores para isso: carregando pequenas doses de um inseticida em seu corpo, os mosquitos contaminam suas larvas, impedindo seu desenvolvimento.
Criada pela Fiocruz Amazônia e pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a estratégia é ideal para atingir os criadouros de mosquitos, atuando diretamente nas larvas do inseto. “Elas podem ficar em locais escondidos, o que as torna difíceis de detectar”, conta Sérgio Bessa Luz, biólogo da Fiocruz Amazônia.
Com o novo método, os pesquisadores nem precisam ir até os criadouros. Basta espalhar as chamadas estações de disseminação, pequenos baldes com água parada muito atraentes para os mosquitos.
Nas paredes internas desses baldes, os cientistas aplicam um inseticida triturado que tem a consistência de um pó muito fino, bem potente contra as larvas dos insetos – mas que não afeta os adultos. Assim, quando as fêmeas pousam no balde, encostam suas patas e partes do corpo na superfície contaminada.
“Os Aedes depositam seus ovos em vários criadouros”, conta Sérgio. Assim, após a passagem pelas estações de disseminação, os mosquitos contaminados com inseticida voam para depositar seus ovos em outros locais e acabam contaminando um novo criadouro. “Desta forma, a água fica contaminada e as larvas desses mosquitos morrem antes de chegarem ao estágio adulto”, completa o pesquisador.
Esta não é a primeira vez que pesquisadores usam mosquitos transmissores da dengue para combater a doença. “O que esse estudo tem de inovador é que utilizamos mosquitos que não foram modificados em laboratório e eles mesmo são os ajudantes”, diz Sérgio. “Além disso, o inseticida usado não faz mal à saúde de humanos”.
A estratégia está sendo testada no município de Manacapuru, no Amazonas, e os resultados por enquanto são muito positivos. No futuro, o método pode ser usado também no combate da febre amarela e da febre chikungunya, que também podem ser transmitidas pelo A. aegypti ou pelo A. albopiuctus.