Os desafios de Psiquê

*Mitologia grega

Ilustração Mariana Massarani

Psiquê era linda, por dentro e por fora. Era tão formosa e cheia de virtudes que chamou a atenção de ninguém menos que Afrodite. Quando a deusa grega do amor soube que a moça era a mais bela entre todas as mortais, ficou indignada e mandou seu filho Eros, deus do amor, descer à Terra para ver de perto se Psiquê era mesmo dona de tanto encantamento. 

Diante da moça, Eros confirmou tudo sobre ela e se apaixonou à primeira vista. Ao ser informada do ocorrido, Afrodite resolveu desafiar as virtudes de Psiquê impondo-lhe quatro testes.

No primeiro teste, Afrodite atirou a pobre moça em um quarto cheio de grãos diferentes e misturados, que deveriam ser separados em montes, no prazo de apenas uma noite. A tarefa era tão impossível que Psiquê caiu no sono. E, quando acordou, não podia acreditar! Pequenas formigas tinham feito o trabalho exatamente como a deusa do amor havia determinado.

O segundo teste de Psiquê era conseguir lã de ouro de um animal raro, uma espécie de carneiro que voa. Ela procurou por dias e noites e nada. Até que, quase desistindo, ouviu uma voz soprar nos seus ouvidos: “procure nos espinheiros, onde os carneiros vão beber água, na ponta dos espinhos”. Assim ela fez e cumpriu a segunda tarefa.

Para o terceiro teste, Afrodite determinou que a bela moça trouxesse água da nascente mais alta, que ficava no alto de uma montanha onde humanos jamais conseguiram chegar. E quando Psiquê, com seu vidrinho na mão, olhou para o alto da montanha, constatou que seria realmente impossível. Baixou a cabeça entristecida e, de repente, uma águia gigante a agarrou com seu bico e a levou até a nascente, onde ela encheu o frasco. Mais um trabalho realizado!

Finalmente havia chegado a hora da missão mais difícil: Psiquê precisaria descer ao subterrâneo, reino de Hades, para recolher, em uma caixa, a beleza de sua mulher, Perséfone. E não é que, com sua doçura, a moça conseguiu? Logo em seguida, porém, ficou curiosa em conferir a beleza que Perséfone havia colocado na caixa e a abriu. Em segundos, caiu em sono profundo. Mas Eros sentiu que devia descer ao subterrâneo para buscar a amada, e chegou a tempo de  colocar toda a beleza de volta na caixa e subir para o Olimpo com Psiquê. 

Feliz por ter cumprido todos os desafios, Psiquê entregou a caixa cheia de beleza a Afrodite, que não contava com o cumprimento da tarefa e ficou absolutamente transtornada! Assustado com a reação da mãe, Eros pediu ajuda a Zeus, o deus dos deuses do Olimpo, que resolveu a questão concedendo imortalidade a Psiquê. 

Sem ter mais como se ver livre da mais bela moça vinda da Terra, nem como impedir o amor entre ela e seu filho, coube a Afrodite aceitar o destino dos dois. Mais tarde, Eros e Pisquê se casaram e tiveram uma filha, Hedonê.

*Na mitologia grega, Eros é o deus do amor e Psiquê, a deusa da alma. Nas pinturas e esculturas da bela mortal que virou deusa, ela é representada com asas de borboleta, que em muitas culturas representa a imortalidade da alma. Este conto foi livremente adaptado pela CHC.

Matéria publicada em 02.09.2024

Comentários (3)

  1. Adoro literatura grega. Gratidão pela trabalho excelente.

  2. Quero resposta

  3. Que adaptação linda!! A linguagem ficou acessível para os menores, sem que fosse preciso perder os elementos fantásticos do mito.

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