Em terra de palmeiras tem muito mais que sabiá

Existe um poema que se chama “Canção do exílio”, do poeta brasileiro Gonçalves Dias, que fala de palmeiras, de sabiás e de outras belezas do Brasil. Mas, nas palmeiras e coqueiros do Brasil, há muitas outras aves visitantes, como o sanhaçu-do-coqueiro. Essa espécie é o “buraco da fechadura” para enxergarmos o ambiente. Então, vem com a gente espiar bem de perto!  

Ilustração Irena Freitas

O sanhaçu-do-coqueiro (Tangara palmarum) tem a maior parte do corpo em tons esverdeados e um canto forte e metálico. Essa espécie pode ser encontrada em áreas tropicais e subtropicais. Ao olharmos por nossas janelas, tanto no campo quanto nas grandes cidades, podemos nos surpreender com a sua presença, marcada com seu chilrear, ou seja, com seu canto.

Seu nome científico Tangara palmarum vem do Tupi “tangará” e significa “dançador”, enquanto que “palmarum” significa “das palmeiras”. Assim, juntando tudo, temos como significado “pássaro dançador que vive nas palmeiras”. Com palmeira no seu nome científico e coqueiro no seu nome popular, não é difícil concluir onde você pode observar essa ave.

 

Acho que vi um sanhaçu

É exatamente nas palmeiras e nos coqueiros que o sanhaçu-do-coqueiro costuma fazer seu ninho em forma de tigela. Ele é construído usando folhas secas e partes fibrosas (mais duras) de plantas. A fêmea costuma colocar dois ovos, os filhotes nascem após 14 dias e tornam-se independentes por volta de um mês de idade. No Brasil, a reprodução ocorre na primavera e no verão, indo de outubro a dezembro.

Mas, por que será que essa ave escolhe essas plantas para construir seus ninhos? Uma possível explicação é que como o sanhaçu-do-coqueiro tem uma coloração esverdeada, fica camuflado, tornando-se difícil de ser avistado por entre as folhas dessas plantas, protegendo-se contra possíveis predadores. Faz sentido, não faz?

O sanhaçu-do-coqueiro tem a maior parte do corpo em tons esverdeados.
Foto cedida pelos autores

Canto forte

O sanhaçu-do-coqueiro tem porte pequeno. Os adultos medem cerca de 18 centímetros e pesam entre 27 e 48 gramas. O bico é preto e a plumagem, você já sabe, é verde-oliva na maior parte do corpo. Esse padrão de coloração é o mesmo entre machos e fêmeas, ou seja, não existem características visuais que nos permita diferenciá-los. Antes que você pergunte como o macho reconhece quem é fêmea, os indivíduos de sexos diferentes são identificados não só pela aparência, mas também pelo comportamento e pelo canto.

Um pássaro com um canto forte. Assim é reconhecido o sanhaçu-do-coqueiro. Para algumas pessoas, esse canto não é tão melodioso, mas… como humanos e aves não percebem o mundo da mesma forma, o que para nós não é uma bela melodia, pode ser um canto adorável para as aves da mesma espécie, não é mesmo? O mais importante é que indivíduos da mesma espécie se reconhecem e se comunicam por meio do seu canto característico. Além do canto, o sanhaçu-do-coqueiro emite diversos chamados que parecem com o som de um chocalho.

Mamão e banana são frutas do cardápio do sanhaçu-do-coqueiro.
Foto Dario Sanches/Wikipédia
Comedouros feitos por humanos, que contenham frutas, especialmente mamão e banana, são visitados pelo sanhaçu-do coqueiro.
Foto Marcello Albuquerque de Vasconcelos Coimbra

Ele está voando por aí

Com tantas espécies de palmeiras e coqueiros espalhados pelo mundo, poderíamos nos perguntar se esse pássaro também está em toda parte. Então anote: o sanhaçu-do-coqueiro pode ser encontrado na América Central – da Nicarágua à Costa Rica e também no Panamá – e em toda a América do Sul, exceto na Argentina, no Chile e no Uruguai.

No Brasil, essa espécie é encontrada em todos os estados, vivendo em diferentes ambientes. Uma característica que torna essa ave tão popular é que ela pode ser encontrada em regiões urbanas – em parques e jardins, e até em locais de grande fluxo de pessoas. Por isso, fique atento, pois você pode contemplar a beleza do sanhaçu-do-coqueiro, com uma simples olhada através da sua janela!

[qode_elements_holder number_of_columns=”two_columns” switch_to_one_column=”1000″ custom_class=”round”][qode_elements_holder_item background_image=”39642″ cover=”yes” advanced_animations=”no” custom_class=”bgimg”][/qode_elements_holder_item][qode_elements_holder_item advanced_animations=”no”]

D. João, o sanhaçu e as palmeiras

A história do sanhaçu-do-coqueiro tem outra semelhança com a das palmeiras. Existe uma espécie de palmeira (Roystonea oleracea), originária da América Central, que foi trazida ao Brasil pelo príncipe Regente Dom João e plantada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em 1809. Esta espécie de palmeira tornou-se sua planta favorita e passou a ser conhecida popularmente como palmeira-imperial. Agora veja que interessante: o sanhaçu-do-coqueiro também tem uma relação com a nobreza, porque foi descrito por um príncipe, o naturalista alemão Maximiliano de Wied-Neuwied, na cidade de Canavieiras (Bahia), durante as expedições que ele fez do Rio de Janeiro a Salvador entre os anos de 1815 e 1817.

As palmeiras imperiais foram plantadas no Jardim Botânico (RJ) pelo príncipe regente D. João e o sanhaçu-do-coqueiro foi descrito por um príncipe alemão em visita ao Brasil.
Foto Eurico Zimbres/Wikipédia
[/qode_elements_holder_item][/qode_elements_holder]
Clique aqui para dar uma espiadinha
no sanhaçu-do-coqueiro!
Ricardo Tadeu Santori
Faculdade de Formação de Professores
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Alessandra Barcelos
Faculdade de Formação de Professores
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Rayane Peres de Andrade
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Thiago Saide Martins Merhy
Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro

 

Matéria publicada em 01.07.2022

Comentários (23)

  1. Ameii, muito legal, e esse pássaro é bonitinho kkkkk.

  2. Nossa aches incrivel os tips de animals e plantas. Bárbara Bomfim Escola Mais Perfil Lauro de freitas -BA

  3. Jesus Antônio Santorio Carneiro

    Parabéns pelo trabalho de vocês. E muito importante, informar, para o maior número de pessoas possível, conhecimentos sobre a nossa fauna alada,Contribui para conhecê-la melhor, e, preservalos também. O assanhaçu de coqueiro, como é conhecido aqui em Salvador e, creio,em muitos lugares da Bahia, é muito bonito de se ver e ouvir.

  4. Rafael Figueiredo Barbosa

    Eu achei um máximo o pássaro sanhaçu com as características dele.

  5. Rafael Mata (9 anos) Rafael Figueiredo (9 anos)

    Olá, Revista CHC!

    Nós gostamos muito da revista e da matéria sobre os pássaros. Faça mais matérias sobre os pássaros.

    Beijos!
    Alunos da Pró Noemia
    Escola Mais Perfil. Lauro de Freitas. BA.

  6. Felipe [9 anos] e Miguel [9 anos].

    Olá! Revista legal!!

    Nos achamos muito legal o jeito dos pássaras conhecerem se identificarem. Essa matéria foi muito interessante.

    Tchau!
    Alunos da pró Noemia Reis
    Escola Mais Perfil. Lauro de Freitas. BA

  7. Bárbara(9 anos) e Letícia(9 anos)

    Olá, revista maravilhosa!

    Nós adoramos esta matéria o passarinho é muito fofinho. Parabéns pelo trabalho de vocês ,
    Um beijo!
    Alunos da Pró Noemia
    Escola Mais Perfil. Lauro de Freitas. BA.

  8. Amanda(9 anos ) e Nathália (9 anos)

    Olá, CHC

    Nós adoramos essa matéria é muito legal. Acho que nós vamos ler todos os dias.

    Beijos!
    Alunas da pró Noemia Escola Mais perfil Lauro de Freitas. BA.

  9. Amanda (9 anos), Ana Luiza (9 anos) e Bernardo (10 anos).

    Olá, Revista linda!

    Nós adoramos a matéria dos passarinhos, eles são muito bonitos. Também gostamos das características deles!
    Beijos! Alunos da Pró Noemia.
    Escola Mais Perfil.Lauro de Freitas.BA

  10. Maria Eduarda (9 Anos) e Malu Maneira (9 Anos)

    Olá, Bela Revista!

    Adoramos o conteúdo dos passarinhos, eles são lindos demais!! Amamos o jeito em que as fêmeas se identificam.
    Esperamos estudar isso na aula de Ciências!.
    Parabéns pelo trabalho de vocês!!

    Alunas da pró Noemia.
    Escola Mais Perfil Lauro de Freitas-BA.

  11. Ola, CHC!

    Adorei a matéria e fiquei muito impressionado que esse coqueiro foi transportado da América Central do Brasil, e que é uma espécie muito especial desde 1809.

    Adorei CHC. Tchau

  12. ola chc eu não sabia que os sanhaçu-do-coqueiro chegavam a 18 cemtimetros tchau tchau

  13. Parabéns ? gostei da maneira como vocês escrevem para crianças. As fotos também estão excelentes, conseguimos ver muito bem as cores, especialmente o verde oliva..

  14. Olá, pessoal da CHC!

    Nós adoramos a revista do sanhaçu-do-coqueiro. Também adoramos saber que eles conseguem ficar camuflados nos coqueiros.
    Gostaríamos que vocês fizessem mais revistas sobre aves.

    Beijos,
    Peitro Ryan, Heitor, Gustavo, Rafael Lucas e Victor
    3º ano B

  15. Olá pessoal da CHC!

    Nós adoramos sua revista e queremos mais.
    Nós gostamos do conteúdo sobre os pássaros, tipo beija-flor, picharro, calopsitas e piriquitinhos.

    Beijos,
    Tchau
    Alunos da professora Vanessa do 3º ano B – Murilo e Eduardo

  16. Oi CHC!

    Parabéns pelo trabalho de vocês! Nós gostamos muito da revista e da matéria sobre os pássaros. Achamos muito legal.
    É o máximo o pássaro sanhaçu, assim como as características dele.
    Um beijo, adoramos!

    De Alice Lima e Lorena – 3º ano B

  17. Olá! Adorei essa novidade!
    Agradeço por ter falado sobre esse pássaro e também sobre o ano que foi plantada a palmeira.

    Tchau
    Rafael Pereira

  18. Eu achei o máximo! Os passarinhos fazem o ninho nas palmeiras! Achei muito bonitinho e muito fofo. Eles parecem com as minhas calopsitas. Eu adoro passarinho e amo mesmo!
    Eles comem banana e mamão.
    Tchau

    Leonardo da Silva Alves – 3º ano B, professora Vanessa
    Jundiaí/SP

  19. maravilhoso! Gostei CHC!
    Faz mais. Adorei! Vocês c
    Capricharam muito. Ficou legal, viu?

    Tchau
    Samuel – 3º ano B

  20. Olá, revista da CHC!

    Adorei a matéria e fiquei impressionada.
    Ainda mais pelo sanhaçu-do-coqueiro!

    Beijos
    Alice Souza, 3º ano B

Seu Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Outros conteúdos desta edição

700_280 att-39571
700_280 att-39846
700_280 att-39592
700_280 att-39578
700_280 att-39500
700_280 att-39587
700_280 att-39554
700_280 att-39558
700_280 att-39531
700_280 att-39600
700_280 att-39632
700_280 att-39609
700_280 att-37862
700_280 att-39512
700_280 att-39494

Outros conteúdos nesta categoria

700_280 att-47408
700_280 att-47407
700_280 att-47420
700_280 att-47237
700_280 att-47258
700_280 att-47125
700_280 att-47116
700_280 att-47103
700_280 att-46922
700_280 att-46956
700_280 att-46929
700_280 att-46672
700_280 att-46556
700_280 att-46676
700_280 att-44845