Verde energia

Pare um segundo para pensar sobre as fontes de energia que você conhece. Lembrou das usinas hidrelétricas, da captação de energia solar e até da força dos ventos? Pois agora vou falar de uma coisa que você nem imagina que possa gerar energia: capim!

Uma espécie de origem africana, o capim-elefante, vem despertando a atenção de cientistas e produtores como matéria-prima para fazer um combustível eficiente e amigo do meio ambiente. “O capim-elefante é uma alternativa tanto ao uso de combustíveis fósseis, como carvão mineral e óleo diesel, quanto às biomassas já tradicionalmente utilizadas para geração de energia elétrica ou produção de biocombustíveis, como a cana-de-açúcar e espécies florestais”, garante a engenheira Marcia Mitiko Onoyama, da Embrapa Agroenergia.

(i)Pennisetum purpureum(/i), popularmente conhecido como capim-elefante, é uma boa alternativa para quem deseja produzir energia sustentável. (foto:  Forest e Kim Starr / (a href=http://creativecommons.org/licenses/by/3.0)CC BY 3.0(/a))

(i)Pennisetum purpureum(/i), popularmente conhecido como capim-elefante, é uma boa alternativa para quem deseja produzir energia sustentável. (foto:
Forest e Kim Starr / (a href=http://creativecommons.org/licenses/by/3.0)CC BY 3.0(/a))

A espécie recebeu este nome devido a seu tamanho – com apenas 90 dias de idade, ele pode passar de dois metros de altura! Essa planta, trazida para o Brasil com a função de alimentar gado, adaptou-se muito bem aos nossos solos e clima, e pode ser facilmente cultivada, gerando até duas safras por ano.

Vicente Mazzarella, engenheiro de minas e metalurgia do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo, contou à CHC que o principal uso do capim-elefante é a produção de energia térmica por meio da queima de biomassa – literalmente pondo lenha na fogueira! O capim pode ser compactado e transformado em “lenha ecológica”, o que facilita a queima e a estocagem.

Entre seus outros usos estão a produção de etanol celulósico – pelo processo de extração e fermentação do açúcar da celulose – e a transformação em energia termoelétrica quando usado para abastecer caldeiras e gerar vapor que movimenta turbinas e aciona geradores.

As vantagens do capim-elefante não estão apenas na eficiência energética da planta. “Esta gramínea pode ser plantada mesmo em solos pobres em nutrientes e, além disso, recupera, com o tempo, solos degradados”, afirma Vicente.

A disponibilidade de energia é uma preocupação crescente em todo o mundo, assim como as agressões ao meio ambiente que a produção de energia pode causar. Neste contexto, o capim-elefante é uma alternativa eficiente e limpa. “Do capim-elefante pode vir ao menos parte da energia complementar necessária, evitando a ampliação do uso de petróleo e derivados”, aposta Marcia.