Pé de cupuaçu, pé de açaí, pé de jabuti

Imagine a cena: você está observando árvores em meio à floresta amazônica, quando se depara com jabutis lá no alto dos galhos. Hein? Desde quando jabuti sobe em árvore? Pode parecer um comportamento muito estranho para um animal terrestre e com fama de preguiçoso, mas vários jabutis foram observados no alto das árvores em regiões alagadas da Amazônia.

O jabuti-amarelo, ou jabuti-tinga (<i>Chelonoidis denticulata</i>), é uma espécie presente nas florestas tropicais da América do Sul: a floresta amazônica e a mata atlântica. Ele se alimenta principalmente de frutos e ajuda a dispersar suas sementes na natureza. (foto: Aline Fidelix)

O jabuti-amarelo, ou jabuti-tinga (Chelonoidis denticulata), é uma espécie presente nas florestas tropicais da América do Sul: a floresta amazônica e a mata atlântica. Ele se alimenta principalmente de frutos e ajuda a dispersar suas sementes na natureza. (foto: Aline Fidelix)

Nas chamadas florestas de várzea, que ficam cheias d’água (cheias mesmo: a água atinge profundidades de mais de dois metros!) durante quase cinco meses ao ano, essa foi a forma que os jabutis-amarelos encontraram para sobreviver ao período molhado. O comportamento, observado pela primeira vez na natureza, foi tema de uma pesquisa do Instituto Mamirauá, coordenada pela bióloga Thaís Morcatty.

Ela contou à CHC que o estudo foi realizado na região onde se encontram dois grandes rios amazônicos, Japurá e Solimões. São mais de 7 mil quilômetros quadrados de floresta inundada, sem ligação com a terra seca – apenas uma amostra dos 400 mil quilômetros quadrados das florestas de várzea da Amazônia. Nos períodos de cheia, a equipe percorreu a região de canoa, procurando pelos répteis flutuando, nadando ou em cima de galhos.

Os animais desta espécie pesam cerca de 12 quilos, mas podem chegar a 30 quilos. Eles são especialistas no esconde-esconde e podem passar dias dentro de um bom abrigo. (foto: Aline Fidelix)

Os animais desta espécie pesam cerca de 12 quilos, mas podem chegar a 30 quilos. Eles são especialistas no esconde-esconde e podem passar dias dentro de um bom abrigo. (foto: Aline Fidelix)

Os cientistas ficaram surpresos ao descobrir que os jabutis-amarelos se adaptaram bem às inundações e conseguem abrigo e alimentação mesmo nos períodos de cheia. Segundo Thaís, talvez existam mais animais dessa espécie na várzea do que na terra seca! Além disso, verificaram que esses animais podem nadar longas distâncias.

“Encontrar os jabutis-amarelos em ambiente de várzea é uma grande descoberta tanto para a ciência quanto para a sociedade”, comemora Thaís. “A maior surpresa foi não só a capacidade do jabuti em nadar bem, mas principalmente em conseguir viver nesse ambiente, onde outros animais terrestres estão ausentes, mesmo aqueles com boa capacidade de natação, como anta, veado e paca”.

Adaptados à vida terrestre, os jabutis-amarelos possuem pés robustos e casco arredondado. É surpreendente que possam nadar, flutuar e até mergulhar! (foto: Aline Fidelix)

Adaptados à vida terrestre, os jabutis-amarelos possuem pés robustos e casco arredondado. É surpreendente que possam nadar, flutuar e até mergulhar! (foto: Aline Fidelix)

Ela explica que outros quelônios, parentes dos jabutis, como as tartarugas marinhas e os cágados, possuem adaptações para o ambiente aquático, como corpo mais achatado e nadadeiras ou membranas entre os dedos. Mas o jabuti não apresenta nenhuma dessas características! “É surpreendente que ele sobreviva bem tendo que viver na água durante tanto tempo, ano após ano”, destaca a pesquisadora. Em outra pesquisa, o Instituto Mamirauá já verificou que as onças-pintadas também se penduram pelos galhos na época das cheias. Pelo visto, a bicharada se adapta muito bem a esse ambiente inusitado!

Matéria publicada em 07.10.2015

COMENTÁRIOS

  • Anna Elise

    Kkkkkkkkkkkkkkkk, amei conhecer as técnicas dos jabutis !

    Publicado em 5 de fevereiro de 2019 Responder

  • CAMILA UMBELINO VASQUES

    Foi muito interessante e importante saber sobre os Jabutis.

    Publicado em 6 de agosto de 2020 Responder

  • Juan Andreotti Chelli

    Os jabutis se aproveitão do momento do alagamento para subir nas árvores .

    Publicado em 9 de agosto de 2020 Responder

  • Creo Schindlerneider

    Os jaubutis-amarelos se adaptam bem em inundações mesmo, porque uma vez meu quintal inundou e eles sairam nadando com se nada tivesse acontecido. Realmente são criaturas espertas e que se adaptam em ambientes aquáticos.. Parabéns pela pesquisa, muito interessante!

    Publicado em 18 de dezembro de 2020 Responder

  • Sarah Garcia Oliveira

    Gente alguém sabe qndo houve alguma marca de tempo no texto?

    Publicado em 3 de março de 2021 Responder

  • Sophia de Paiva Pereira

    Meu Deus que espese interessante para dessecubri nossas coisa

    Publicado em 21 de junho de 2021 Responder

  • Sophia de Paiva Pereira

    Meu Deus que espese interessante para dessecubri novas coisas

    Publicado em 21 de junho de 2021 Responder

  • Julia fernanda silva

    oi adorei saber como os jabutis são espertos e se adaptam tão bem na floresta de várzea.

    Gosto muito dos jabutis

    Publicado em 21 de junho de 2021 Responder

  • Pedro Willian

    Olá CHC, gostei muitos dessa pesquisa.Não sabia que esses animais se adaptavam tão bem a essas regiões alagadas. Tenho que parabenizar os jabutis,a bióloga Thaís e a toda a equipe da CHC.Muito obrigado e até mais.

    Pedro Willian 30 de agosto de 2023

    Publicado em 30 de agosto de 2023 Responder

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Catarina Chagas

Desde criança gosto de ler, inventar histórias e descobrir novidades. Cresci e encontrei um trabalho em que posso fazer tudo isso.

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