Fóssil em dose dupla

Aqui na CHC, você já leu sobre fósseis preservados em cavernas, rochas e até nas areias do deserto. Agora, uma novidade: pesquisadores acharam o fóssil de um microrganismo escondido dentro de… outro fóssil! A dupla foi encontrada na Antártica e sua idade estimada é de 200 milhões de anos.

O microrganismo encontrado no fóssil de casulo (à esquerda) é semelhante a um ciliado encontrado atualmente na natureza chamado (i)Vorticella(/i) (à direita) (Foto: Benjamin Bomfleur)

Um microrganismo foi encontrado dentro de um casulo que servia para proteger os ovos de uma sanguessuga. Parecido com um ciliado chamado Vorticella – que tem apenas uma célula e habita diversos rios e mares –, o pequeno ser fossilizado tinha um corpo molenga que não teria sido preservado por tanto tempo sem a ajuda do casulo.

Segundo o paleontólogo Benjamin Bomfleur, da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, organismos que não têm partes duras no corpo dificilmente se tornam fósseis. “Apenas partes duras, como os ossos do dinossauro ou as conchas das ostras, se conservam ao longo do tempo, enquanto as partes moles se decompõem rápido”, explica.

Para preservar seus ovos, a sanguessuga libera um casulo em forma de muco que se torna rígido e permanece preservado por muito tempo (Foto: Hans Kerp)

A proteção do microrganismo pelo casulo aconteceu de um jeito parecido com o que o âmbar faz com os insetos. Quando a sanguessuga deposita seus ovos, ela libera um muco que, depois de um tempo, endurece e protege os ovos de condições como frio ou calor. “A sanguessuga provavelmente colocou o casulo dentro de um rio e o microrganismo acabou entrando nele antes de seu endurecimento, permanecendo conservado até hoje”, adiciona.

Além de curioso, o achado pode ajudar os cientistas na busca de outros fósseis em casulos. “Existem fósseis de casulos que foram encontrados há quase 150 anos e poucos pesquisadores procuraram microrganismos dentro deles”, diz o paleontólogo. Quem sabe o que eles poderiam encontrar?