Bagunça no espaço

Sabe de cor a ordem dos planetas do Sistema Solar? Começando pelo mais próximo do Sol e indo até o mais distante, Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Essa organização, em que os planetas rochosos – no caso do Sistema Solar, os quatro primeiros – ficam mais próximos da estrela e os gasosos, mais distantes, é a mais comum nos sistemas planetários já conhecidos. Porém, uma descoberta de um grupo internacional de cientistas mostrou que ela não é a única possível!

No Sistema Solar, os planetas rochosos (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) estão mais próximos do Sol, enquanto os planetas gasosos (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) estão mais afastados. Outros sistemas planetários já descobertos obedecem à mesma organização. (imagem: Harman Smith e Laura Generosa / Nasa)

No Sistema Solar, os planetas rochosos (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) estão mais próximos do Sol, enquanto os planetas gasosos (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) estão mais afastados. Outros sistemas planetários já descobertos obedecem à mesma organização. (imagem: Harman Smith e Laura Generosa / Nasa)

Um sistema com dois exoplanetas identificados pela sonda espacial Kepler, da agência espacial norte-americana (Nasa), parece não obedecer à ordem esperada. Ele recebeu o nome de Kepler 101 e é composto por apenas dois planetas, que orbitam uma estrela semelhante ao nosso Sol. O planeta mais próximo à estrela, Kepler 101b, é um gigante gasoso, enquanto o planeta mais distante, Kepler 101c, é rochoso como a Terra.

O astrônomo Fernando Roig, do Observatório Nacional, explicou que esta é a primeira vez que se identifica um sistema planetário com essa organização. Até agora, as teorias sobre a formação dos sistemas planetários dizem que os planetas gasosos, como Júpiter, se formam longe da estrela e migram para mais perto dela ao longo de bilhões de anos, causando a extinção de planetas rochosos menores que estiverem no meio do caminho.

“Aparentemente, no sistema Kepler 101, o planeta terrestre sobreviveu ao movimento de migração, por razões que ainda não sabemos”, conta Fernando. Essa descoberta deixou os astrônomos de cabelo em pé. ”Os cientistas terão que aprimorar os modelos que existem atualmente para conseguir explicar também este tipo de configuração planetária”, completa o pesquisador.