Um mergulho no mar pela tela do celular

A bateria acabou? A solução pode estar no fundo do oceano!

Ilustração Walter Vasconcelos

Imagine a cena: você está assistindo à sua animação favorita no celular e, na melhor parte, a bateria acaba! Para piorar, falta luz e você não pode recarregar o aparelho. Que lástima! Para evitar situações como essa, cada vez mais buscamos por equipamentos que possam durar mais tempo longe de uma tomada.

Queremos também celulares modernos, mas você já se perguntou do que é feito um dispositivo móvel? Basicamente, ele tem metal, plástico e vidro. No caso dos metais, podemos dizer que eles são extraídos de alguns minérios encontrados em solos e rochas, localizados em todos os continentes. Isso significa que o seu celular contém recursos naturais de diferentes regiões do mundo.

Se há cerca de 5 bilhões de celulares em uso neste momento, além de outros equipamentos que também utilizam metais na sua fabricação, então, estamos extraindo quantidades cada vez maiores desses recursos. Assim, os locais onde eles são explorados normalmente podem chegar perto do limite de extração, concorda? Pois isso é o que está acontecendo mesmo e, com a disponibilidade dos recursos minerais diminuindo, os preços dos produtos aumentam. Está explicado, pelo menos em parte, porque os aparelhos celulares são tão caros.

Mas se está faltando minério, o que fazer? As maiores fontes de minérios do planeta estão bem perto de nós, mas no fundo – bem fundo! – do oceano, a cerca de 4 mil metros de profundidade. Atingir as profundezas do oceano é tão difícil e desafiador quanto uma viagem espacial.

No futuro, possivelmente, as fontes de minérios necessárias para o funcionamento de baterias serão exploradas dos fundos marinhos. Mas, devido à grande pressão atmosférica nas profundezas do mar, é necessária alta tecnologia e grandes investimentos para buscar essas riquezas. Afinal, é preciso trazer para a superfície uma quantidade muito grande de rochas pesadas, que devem ser armazenadas em navios e depois transportadas para o continente. Nada fácil, né?

Nas profundezas do oceano existem, junto aos recursos minerais, espécies marinhas ainda desconhecidas e de valor inestimável. Preservá-las é de grande importância. Então, sempre que uma coleta mineral for efetuada, é preciso também avaliar qual o risco para os organismos que vivem nestas regiões.

Além dos minerais utilizados em equipamentos tecnológicos, o oceano também armazena ricas quantidades de petróleo, gás natural, calcário e areia, ou seja, recursos que utilizamos amplamente no nosso dia a dia. Diante de tanta riqueza, quem sabe você será um(a) desses(as) exploradores(as) do fundo do mar no futuro?

Enquanto isso não acontece, pense muito antes de se desfazer do seu celular, porque para produzir um novinho em folha será necessário utilizar muito mais recursos naturais do planeta.


Felipe Toledo
Instituto Oceanográfico
Universidade de São Paulo  

Tássia Biazon
Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano
Universidade de São Paulo  

Matéria publicada em 01.04.2022

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