Pode apostar que sim, eles fazem um tipo de rapel de macaco! Foi isso que chamou a atenção de alguns pesquisadores que recentemente visitaram Ilhabela, município-arquipélago localizado no litoral norte de São Paulo. Por lá, a Mata Atlântica é muito exuberante e está protegida por um Parque Estadual. Nesse ambiente livre de caçadores, os macacos-prego se divertem à vontade e foram vistos fazendo rapel, ou seja, subindo e descendo um imenso paredão, carregando o que parece ser algum fruto. Devia ser algo muito saboroso para compensar essa escalada toda!
Se você imaginou que apenas humanos tinham habilidade para escalar paredões, errou! Os macacos-prego fazem isso apenas com os pés, enquanto as mãos estão ocupadas carregando os frutos que eles irão comer mais tarde.
Na América do Sul existem várias espécies desses macacos. E, do sul do rio Doce, em Minas Gerais, até a Argentina, encontramos o Sapajus nigritus, a espécie que foi vista fazendo rapel. Como o nome sugere, sua pelagem tem o tom castanho bem escuro, quase negro. Chamam atenção também os tufos de cabelos no alto da cabeça. Por onde andam, os macacos-prego são famosos pela sua engenhosidade em procurar aquilo que mais gostam, onde quer que estejam. Sabemos agora que isso inclui escalar um paredão de pedra imenso para alcançar alimento lá no alto, onde quase ninguém vai.
Cibele R. Bonvicino
Divisão de Genética
Instituto Nacional de Câncer
Salvatore Siciliano
Laboratório de Biodiversidade
Instituto Oswaldo Cruz – Fiocruz
Arlaine Francisco
Projeto Baleia à Vista
Existe! Fica próximo do Polo Norte, na Noruega! O banco foi escavado numa rocha, a mais de cem metros de profundidade, no interior de uma montanha. Foi projetado para resistir a catástrofes de todos os tipos: mudanças climáticas, desastres naturais e até explosões nucleares. É uma espécie de cofre, que guarda sementes de todas as partes do mundo, garantindo segurança alimentar e agricultura sustentável para as gerações futuras, no caso de uma catástrofe global. O Svalbard Global seed vault ou “Cofre do fim do mundo” tem capacidade para mais de 4,5 milhões de amostras de espécies. Atualmente, o banco guarda quase 900 mil sementes vindas de todas as partes do mundo, representando a grande maioria da diversidade agrícola mundial: arroz, cevada, ervilha, trigo, espécies “selvagens” e outras milhares espécies diferentes já estão armazenadas. Elas precisam ficar congeladas, a menos 18ºC de temperatura, para não perder seu potencial de germinação no futuro. Esse banco de sementes já foi usado na Síria, que teve sementes resgatadas após a destruição de muitas de suas plantações durante a guerra.
Letícia Stallone
Linguista e pesquisadora
Matéria publicada em 21.12.2020