Já imaginou encontrar um pinguim saltitante na floresta amazônica ou uma bananeira sobre o gelo da Antártica? Isso seria um tanto exótico, concorda? Pois quando uma espécie não é nativa de determinado lugar, ela é chamada assim: exótica.
Agora, adivinha quem contribui um bocado para o aumento da distribuição de espécies exóticas? Se você respondeu nós, humanos, acertou. O ser humano tem feito isso de diferentes formas: seja intencionalmente, trazendo, por exemplo, uma planta de determinada localidade para outra ou importando peixes ornamentais; seja acidentalmente, levando de um lugar a outro, por exemplo, alguma espécie agarrada nas embarcações.
O aquecimento global também tem provocado mais deslocamento de espécies pelas correntes marinhas, assim como o lixo marinho flutuante, que pode atravessar o oceano de um continente para outro, levando espécies exóticas.
Algumas dessas espécies se adaptam ao novo local, aumentam suas populações e até mesmo dominam o ambiente onde foram inseridas – são as chamadas espécies exóticas invasoras. E se há ‘invasor’ no nome é porque representam um grande risco à biodiversidade no planeta!
As espécies exóticas invasoras desequilibram o ecossistema local, causando a perda da biodiversidade, já que disputam com as espécies nativas elementos primordiais para a sobrevivência, como espaço e alimento. Ou seja: as espécies nativas podem morrer, e, caso ocorram apenas na localidade invadida, até mesmo serem extintas.
Do mesmo modo como aconteceu em ambientes terrestres, muitas espécies foram introduzidas em ecossistemas aquáticos. No Brasil, que tem um litoral com milhares de quilômetros de extensão, são grandes as possibilidades de introdução de espécies exóticas invasoras.
Atualmente o coral-sol é uma das principais preocupações, porque ocupa costões rochosos em diversos locais, especialmente no litoral do Rio de Janeiro e de São Paulo, disputando espaço com espécies nativas das mais diferentes formas. Outro exemplo de impacto é o mexilhão-dourado, que, embora seja de água doce, invadiu a América do Sul por meio da água de lastro (água que as embarcações carregam para ficarem estáveis durante suas viagens), e tem causado grandes prejuízos – para você ter uma ideia, eles grudam em paredes e tubulações, por exemplo, danificando usinas hidrelétricas.
A melhor forma de impedir problemas com espécies exóticas marinhas é a prevenção. Ou seja: ao invés de combater uma espécie já estabelecida, o ideal é não permitir a sua chegada. Como? Com informação para as pessoas e com ações de fiscalização. No caso de organismos transportados por embarcações, a fiscalização tem que acontecer em portos brasileiros, impedindo a liberação de água de lastro não tratada e a chegada de navios repletos de organismos incrustados nos cascos. Caso as espécies invasoras já estejam estabelecidas, elas precisam de monitoramento para não prejudicar novos ambientes.
Embora muitas espécies exóticas sejam importantes para a economia, como a banana, que é produzida em larga escala fora do seu local de origem — é isso mesmo, a banana não é brasileira, ela veio do oriente! —, devemos pensar sobre o transporte de espécies de um local a outro.
Então, fica a dica: por mais que você veja uma planta ou animal bonitinho, em um passeio à praia ou a um sítio, não os leve para casa, porque eles podem se tornar um problema! O melhor a fazer é admirá-los onde vivem.
Tássia Biazon
Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano
Universidade de São Paulo
Rubens Mendes Lopes
Instituto Oceanográfico
Universidade de São Paulo
Matéria publicada em 07.06.2023