Plutão, diga xis!

A manhã começou em festa para a astronomia. Você estava acordado perto das nove da manhã? Pois saiba que, exatamente neste horário, muitos cientistas da Nasa, agência espacial norte-americana, comemoravam a passagem da sonda New Horizons (novos horizontes, em tradução livre) por Plutão, o planeta anão mais querido do Sistema Solar.

Plutão e uma de suas luas, Caronte, em registro do dia 11 de julho. (foto: NASA-JHUAPL-SWRI)

Plutão e uma de suas luas, Caronte, em registro do dia 11 de julho. (foto: NASA-JHUAPL-SWRI)

Após nove anos de viagem – a sonda foi lançada em 2006 – e cerca de 7,5 bilhões de quilômetros percorridos, New Horizons passou bem pertinho de Plutão para fotografá-lo. É a primeira vez que conseguiremos imagens tão claras do planeta anão, feitas a apenas 12,5 mil quilômetros de distância. E o que se espera conseguir ver?

Quase lá: feita ontem (13/07), esta imagem foi a última antes da aproximação final à Plutão. (foto: NASA/JHUAPL/SWRI)

Quase lá: feita ontem (13/07), esta imagem foi a última antes da aproximação final à Plutão. (foto: NASA/JHUAPL/SWRI)

Apesar de ser muito mais distante do Sol que a Terra, Plutão não é totalmente escuro. A quantidade de luz seria mais ou menos equivalente à que observamos aqui logo depois do anoitecer, ou logo antes do amanhecer. Mas fica realmente difícil imaginar a aparência de sua superfície. Este é um dos motivos pelos quais os cientistas estão tão empolgados com a New Horizons!

A missão também pretende coletar mais informações sobre as luas de Plutão. A maior delas, Caronte, tem quase a metade do tamanho do planeta anão que orbita – para você ter uma ideia, a nossa Lua tem cerca de um quarto do diâmetro da Terra.

Para o geofísico Eder Molina, da Universidade de São Paulo, poder ver Caronte é uma das partes mais legais da missão New Horizons. “Nem com o Hubble conhecia-se algum detalhe da lua. Ela era somente um pontinho meio opaco, assim como Plutão. Agora, poderemos saber de detalhes desta e de suas irmãs, que há pouco tempo nem eram conhecidas: Hydra e Nix”, disse à CHC. “Eu realmente não achava que seria possível conhecer esses corpos, pensava que eles ficariam sempre restritos à minha imaginação…”

Ah, e, antes que você fique com a pulga atrás da orelha, os cientistas não esperam encontrar vida em Plutão. Admitem, no entanto, que o planeta anão possa ter um oceano escondido sob sua superfície.

Representação artística da superfície de Plutão. O Sol seria visto muito menor no céu, mas, ainda assim, continuaria sendo a estrela mais brilhante. Repare também na enorme lua, Caronte. (imagem: NASA / Southwest Research Institute / Alex Parker)

Representação artística da superfície de Plutão. O Sol seria visto muito menor no céu, mas, ainda assim, continuaria sendo a estrela mais brilhante. Repare também na enorme lua, Caronte. (imagem: NASA / Southwest Research Institute / Alex Parker)

As muitas imagens de Plutão e suas luas ainda não chegaram à Nasa – têm, literalmente, um longo caminho a percorrer, e o pacote completo de imagens ainda levará mais de um ano para chegar. É que, durante esse momento crucial, a sonda está se concentrando na coleta de dados e interrompeu, para isso, sua comunicação com a Terra. Mas já podemos ficar na expectativa: a partir dos dados coletados, com certeza serão feitas muitas descobertas interessantes sobre nosso vizinho distante. Vamos aguardar!