Astronautas que passam temporadas na Estação Espacial Internacional estão ganhando novas companhias: em 2014, chegam ao módulo uma centena de moscas-das-frutas. As novas habitantes podem ajudar a compreender os efeitos da vida no espaço em seres humanos.
Você não leu errado: estudando as moscas, podemos entender melhor fenômenos do nosso próprio organismo. Isso acontece porque grande parte – 77%, para ser mais exato – dos genes relacionados às doenças humanas têm um equivalente no código genético desses insetos, e metade das sequências genéticas das proteínas das moscas podem ser comparadas às dos mamíferos.
Como as moscas se reproduzem muito rápido, várias gerações delas podem ser investigadas em um curto período de tempo – imagine quantos anos são necessários, em contrapartida, para estudar várias gerações de humanos. Além de tudo isso, elas apresentam uma característica muito importante: são todas geneticamente idênticas, ao passo que os seres humanos apresentam códigos genéticos distintos para cada indivíduo.
As ilustres passageiras vão ganhar um laboratório particular para serem estudadas na Estação Espacial Internacional. Câmeras vão monitorar seu comportamento, e algumas serão congeladas para serem analisadas na Terra. Com os resultados dos testes com essas mini-astronautas, espera-se melhorar o entendimento sobre os processos de envelhecimento, ciclo de sono, estresse e atividade cardiovascular do ser humano.
Um ponto de particular interesse é o sistema imunológico. Sabe-se que a imunidade dos astronautas diminui no tempo em que se encontram no espaço, e algumas moscas levadas a bordo do ônibus espacial Discovery em 2006 mostraram o mesmo problema. Para uma viagem curta de algumas semanas, como tem sido o caso até agora, isso não representa grandes problemas, mas imaginem uma viagem de anos a Marte e outros lugares distantes!