Vida na cidade

Quando pensamos em bichos, vêm logo à mente imagens de campos, florestas, mares, enfim, ambientes onde a natureza reina, e os homens ficam de fora. Pois tenho um desafio para você: olhe ao seu redor, na cidade mesmo, e veja se entre prédios, ruas e construções também não há animais! Pombos, pardais, insetos variados, morcegos e até ratos vivem em ambientes urbanos. Como eles foram parar lá?

O pombo é um exemplo de animal que foi trazido para as cidades brasileiras e resolveu ficar (Foto: meaduva / Flickr / (a href= http://creativecommons.org/licenses/by-nd/2.0/deed.pt)CC BY-ND 2.0(/a))

O pombo é um exemplo de animal que foi trazido para as cidades brasileiras e resolveu ficar (Foto: meaduva / Flickr / (a href= http://creativecommons.org/licenses/by-nd/2.0/deed.pt)CC BY-ND 2.0(/a))

Nos locais onde cidades cresceram, alguns animais foram os primeiros habitantes e sobreviveram à urbanização. Outras espécies foram capturadas pelos humanos em outras regiões e, inseridas nas cidades, se adaptaram muito bem ao clima agitado.

É o que explica a zoóloga Elizabeth Höfling, da Universidade de São Paulo. “Humanos trouxeram pombos e pardais para cidades brasileiras. Eles se adaptaram a esse tipo de ambiente e se espalharam por todo o país”, conta. “A variedade de alimento, além de muitos telhados e parapeitos de prédios para instalar os ninhos, facilitaram a sua permanência”.

Apesar de bem adaptados às cidades, os animais ainda sofrem com as diferenças entre os ambientes urbanos e naturais. A ação humana interfere na iluminação, nos sons e até no clima. Por serem cheias de concreto e carros que liberam gases poluentes, as cidades formam ilhas de calor com temperatura muito mais elevada que em áreas naturais.

Alguns animais, como o louva-deus, já estavam por aqui quando as cidades foram construídas e hoje sofrem com a iluminação, o barulho e a poluição introduzidos pelo homem (Foto: Jorge / Flickr / (a href= http://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0/deed.pt)CC BY-SA 2.0(/a))

Alguns animais, como o louva-deus, já estavam por aqui quando as cidades foram construídas e hoje sofrem com a iluminação, o barulho e a poluição introduzidos pelo homem (Foto: Jorge / Flickr / (a href= http://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0/deed.pt)CC BY-SA 2.0(/a))

Todas essas alterações dificultam a vida dos animais nos ambientes urbanos. “Animais como aves e sapos, por exemplo, se comunicam por sons uns com os outros. Em uma cidade barulhenta, isso fica prejudicado”, exemplifica Elizabeth. “Sem contar que, com a iluminação artificial, o ciclo de dia e noite fica desregulado, o que pode causar problemas de saúde para os animais”.

A zoóloga aponta que é fundamental fornecer condições de espaço para que esses animais de cidade grande possam sobreviver. Para isso, as áreas verdes, como parques e jardins, precisam ser bem cuidadas. “E não adianta, por exemplo, arborizar as cidades só com um tipo de planta”, diz Elizabeth. “É preciso ter variedade, pois cada árvore tem seu tempo de florescer e dar frutos. De outro modo, os animais só teriam alimento uma vez por ano e não poderiam sobreviver”.