Imagine ficar acampado por cerca de 20 dias em um lugar onde as temperaturas chegam a dez graus negativos no verão. Parece difícil? Então, pense que você, além de dormir em barracas, terá de se contentar em descansar usando sacos de dormir sem nenhum aquecimento! Pois essa é a rotina de pesquisadores que estão na Antártica para estudar pinguins e skuas, aves marinhas da região.
“No acampamento, chegamos a ficar dez dias sem a chance de tomar banho – ou alguém vai se arriscar a entrar na água geladinha da Baia do Almirantado por alguns segundos?”, conta a bióloga Erli Schneider Costa. “O jeito é usar lenços umedecidos, desses de bebê, para se limpar.”
Confira no vídeo como é o dia a dia de trabalho na Antártica
Os pesquisadores ainda enfrentam condições meteorológicas extremas. “Podemos acordar com sol e sem nenhum vento e, cerca de duas horas depois, o tempo pode virar, com neve e ventos de mais de 120 quilômetros por hora”, conta Erli. “Aqui o senhor é o clima e respeitá-lo é o único remédio.”
O mau tempo faz com que, por vezes, os pesquisadores fiquem até cinco dias sem trabalhar, isolados em áreas distantes por causa do vento que impede que eles se movimentem a pé ou com seus botes.
Mas sempre dá para matar a saudade dos amigos e parentes. Quando não estão acampados, os cientistas têm telefone e internet na base brasileira de pesquisa, a Estação Antártica Comandante Ferraz, localizada em pleno continente gelado. E ainda é possível fazer novos amigos dos mais variados países, pois há outras bases espalhadas pela Antártica com pesquisadores estrangeiros. “O convívio diário com os outros cientistas é tão rico e diverso que pouco sobra tempo para pensar em ter saudade”, conta Erli.