Você sabe o que quer dizer, em português, a palavra “voyager”? Nada mais, nada menos do que “viajante”. Não é à toa, portanto, que ela foi escolhida para batizar duas espaçonaves que deixaram a Terra em 1977 para entrar na história: a Voyager 1 e a Voyager 2.
As duas foram lançadas há trinta anos, sendo que a primeira seguiu para o espaço depois da segunda: o lançamento da Voyager 2 aconteceu no dia 20 de agosto, enquanto o da Voyager 1, em 5 de setembro. A princípio, ambas tinham a missão de explorar Júpiter e Saturno, cada uma com uma rota diferente, mas a Voyager 2 ainda passou por Urano e Netuno, planetas que, desde então, nunca mais foram visitados por nave alguma.
“As duas missões nos forneceram dados muito interessantes sobre os planetas que visitaram”, conta o físico Marcelo de Oliveira Souza, da Universidade Estadual do Norte Fluminense. As Voyagers mostraram, por exemplo, que Urano, Netuno e Júpiter tinham anéis. Hoje, já podemos vê-los da Terra, mas, naquela época, isso não era possível.
Além disso, elas foram as primeiras a realmente explorar os planetas gasosos em detalhe, embora não tenham sido as primeiras a visitá-los, já que isso coube a outras espaçonaves, as Pionner (“pioneiras”). Por serem pequenas, porém, essas espaçonaves não conseguiram realizar tantos feitos quanto as Voyagers, que foram as responsáveis por revelar ao mundo, por exemplo, a existência das luas de Saturno, entre muitas outras curiosidades do universo.
“Para se ter uma idéia, as fotos feitas pela Voyager 2, de Urano e de Netuno, são as mais usadas até hoje. Da mesma forma, não há outra imagem tão detalhada da lua Tritão, de Netuno, como a feita por essa espaçonave.”, explica Marcelo.
No limite
De fato, descobertas não faltaram desde o lançamento da Voyager 1 e 2. Mas o mais incrível é saber que as duas naves continuam em atividade. Atualmente, elas estão no limite do Sistema Solar. A primeira, a cerca de 15 bilhões de quilômetros de distância do Sol. A segunda, a 12 bilhões de quilômetros. E ainda mandam sinais para a Terra.
“Não é possível, porém, ter controle sobre elas. Os sinais que elas enviam mostram apenas que elas continuam ativas e indicam a sua localização”, explica Marcelo. “Porém, como elas estão quase na fronteira do Sistema Solar, aproximando-se de uma região em que o vento solar entra em contato com o meio interestelar, formando uma frente de choque, onde nenhuma outra espaçonave esteve, a expectativa é que as Voyagers enviem à Terra alguma informação sobre isso.”
Para você ver que, três décadas depois, as viajantes do espaço ainda podem ter algo a oferecer para nós, que ficamos aqui na Terra!
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