Uma vida de cliques

O trabalho não é fácil e demanda muita força de vontade. É preciso ter um grande interesse pela natureza em seus mínimos detalhes. Afinal, com uma máquina fotográfica em punho, o objetivo é flagrar momentos únicos. Esse é o dia-a-dia de Fabio Colombini. Nascido em São Paulo, em 1964, o fotógrafo, especializado em flagrar plantas e animais, tem 18 anos de carreira. Por seu trabalho, já recebeu vários prêmios e suas fotografias ilustram mais de 1.400 livros, inclusive muitos escolares, além de trabalhos no Brasil e no exterior. Por conta do lançamento de sua obra mais recente, Natureza brasileira em detalhe, Fabio conversou com a equipe da CHC e contou como é o cotidiano de um fotógrafo da natureza.

Como é o trabalho de fotógrafo e que tipo de material você usa?
Como fotógrafo, eu tenho que viajar bastante, procurando assuntos interessantes e captando a beleza de cada coisa ou lugar. Eu vou a Parques Nacionais e Estaduais, fazendas, zoológicos, criadores de animais e jardins botânicos, tentando retratar os mais diferentes tipos de animais e plantas. Uso várias câmeras fotográficas e várias lentes, algumas pequenas e leves e outras grandes e pesadas, carregando tudo numa mochila nas costas, além de um tripé na mão.

Você se considera um fotógrafo da natureza?
Sim, pois há mais de dezoito anos fotografo a natureza, viajando e caminhando longas distâncias para descobrir o que o Brasil tem de mais bonito. É na natureza que me sinto bem, apesar de nem sempre ela nos tratar bem – muito calor ou muito frio, chuva, pé na lama, poeira, sem falar nas picadas dos insetos. Já fui atacado por coruja, quero-quero, peixe, cachorro-do-mato e urutu (uma cobra muito venenosa).

O que você acha mais interessante no seu trabalho?
A possibilidade de conhecer seres e lugares novos, de observar as maravilhas da fauna e da flora, de sentir a presença de Deus na natureza, e de poder levar a milhares de pessoas tudo o que vi, por meio da fotografia.

Suas fotos contribuem de alguma forma para o ensino de Ciências ou para pesquisas científicas?
Sim, pois tenho um arquivo com mais de 40.000 fotos, e publico em livros didáticos de Ciências, Biologia e Geografia, ajudando as crianças e os jovens a conhecer e admirar a natureza. A imagem tem uma enorme força para comunicar, impressionar e educar ecologicamente.

Você já fotografou alguma planta ou animal que, mais tarde, foi apontada como uma nova espécie?
Ainda não, mas já tirei muitas fotos que os biólogos não conseguiram identificar, pois a variedade de insetos é tão grande, e as espécies tão parecidas umas com as outras, que seria necessário ter o bichinho na mão e dedicar horas para descobrir o seu nome.

Que tipo de formação é preciso ter para captar os detalhes da natureza?
É preciso dominar muito bem o equipamento fotográfico e aprender quais os efeitos que a luz causa ao iluminar os objetos. É também importante estudar os seres vivos para entender seu comportamento: o que comem, como enxergam, como se escondem, onde vivem. Para ter uma melhor formação como fotógrafo, pode-se fazer cursos técnicos de fotografia ou até uma faculdade de fotografia.

O que você diria para os leitores que têm interesse em ser fotógrafos profissionais?
Que a fotografia é um trabalho muito gratificante e também muito exigente. É preciso ter conhecimento em várias áreas, como de ótica (para lidar bem com as lentes), matemática (para cálculos de luz), arte (para compor as imagens), informática (para trabalhar com as fotos), marketing (para saber divulgar seu trabalho), biologia (para conhecer a natureza). Mas todo esse conhecimento é adquirido pouco a pouco, e nunca se pára de aprender, sendo mais importante a vontade e o amor.

Para saber mais sobre Fabio Colombini, acesse www.fabiocolombini.com.br

Matéria publicada em 02.06.2010

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Cathia Abreu

Adoro aprender coisas novas. Tenho a sorte de trabalhar me divertindo e fazendo descobertas todos os dias.

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