São quase 400 as espécies de bichos brasileiros que correm o risco de desaparecer para sempre de nossos ecossistemas. Quem divulgou essa triste notícia foi o Ministério do Meio Ambiente, que apresentou em maio a lista oficial dos animais ameaçados de extinção no Brasil. Essa lista enumera 395 espécies de aves, mamíferos, répteis, anfíbios e invertebrados terrestres. O número lhe parece alto? Pois saiba que a relação nem inclui peixes e invertebrados marinhos! Esses animais serão examinados em uma lista a parte, que deve ser divulgada ainda em 2003.
A última lista oficial de bichos ameaçados no Brasil havia sido apresentada em 1989, e contava com 219 espécies — pouco mais da metade do número de 2003! No entanto, é preciso tomar cuidado com essa comparação. O número de animais em risco de extinção certamente aumentou muito, devido à devastação do meio ambiente, à caça ou à poluição. No entanto, não podemos dizer que o número de espécies ameaçadas dobrou nos últimos treze anos. Na verdade, a lista mostra também que agora os cientistas conhecem melhor a fauna brasileira e podem dizer com mais precisão quais são os bichos em perigo.
As espécies ameaçadas da nova lista são 160 aves, 69 mamíferos, 20 répteis, 16 anfíbios e 130 invertebrados terrestres. A relação inclui oito espécies que já desapareceram totalmente: duas aves, uma perereca, três insetos e duas minhocas. Há também duas aves que não ocorrem mais na natureza e só existem em cativeiro: a ararinha-azul e o mutum-de-Alagoas. Entre as várias espécies que passaram a integrar a lista de bichos ameaçados em 2003, estão o macaco-prego ou a jararaca, por exemplo. No entanto, felizmente algumas espécies que estavam na lista de 1989 não estão mais ameaçadas — como o jacaré-açu, o gato-do-mato ou a surucucu. Outra boa notícia é a situação do mico-leão dourado: na última lista, ele havia sido classificado como ’criticamente em perigo’; agora, ele é considerado “apenas” ’em perigo’.
Para definir se uma espécie vai entrar na lista, os cientistas fazem uma avaliação do tamanho da população desse animal, da sua diversidade genética e da situação do hábitat onde eles vivem. Animais que habitam regiões onde a devastação é grande, como a Mata Atlântica, por exemplo, correm maior risco de desaparecerem. Não é por acaso que sete em cada dez espécies de vertebrados terrestres da nova lista existem ali, e que cem espécies desse grupo ocorrem apenas nesse bioma.
A lista foi elaborada por cerca de 200 cientistas da Fundação Biodiversitas e de várias outras instituições que lutam pela preservação do meio ambiente, centros de pesquisa e órgãos governamentais. Esse documento vai ajudar os cientistas a orientar seus esforços para preservar os bichos ameaçados: eles poderão indicar quais espécies precisam de proteção especial e determinar onde é necessário criar reservas protegidas.