Uma descoberta fantástica está mudando a história das aves brasileiras. Pesquisadores encontraram na região de Presidente Prudente, em São Paulo, fósseis de aves do grupo conhecido como Enantiornithes , que viveu há mais de 80 milhões de anos. Eles ainda não sabem definir se são duas ou três espécies, mas afirmam que esses vestígios são mais antigos de aves já descobertos no país. Até então, os paleontólogos acreditavam que as primeiras aves do Brasil eram as chamadas Paleopsilopterus e Diogenornis , com idade de 50 milhões de anos.
“Encontramos ossos de vários exemplares desses animais em ótimo estado de conservação”, conta Herculano Alvarenga, do Museu de História Natural de Taubaté, que explorou há seis meses a área de apenas dois metros quadrados onde os fósseis foram localizados. Alvarenga realizou esse trabalho em parceria com William Nava, pesquisador do Museu de Paleontologia de Marília, que descobriu os vestígios pré-históricos em setembro de 2004. Como foram achados praticamente todos os ossos do corpo das aves, será possível reconstituir os esqueletos, permitindo observar esses animais em três dimensões. “Só não encontramos a mandíbula nem o maxilar, por isso, não podemos afirmar ainda se esses animais possuíam dentes”, completa o cientista.
Mas tudo indica que sim, uma vez que essas aves são muito parecidas com as Enantiornithes já pesquisadas na Argentina e na China. “O tamanho dos nossos animais, próximo ao de um pardal, é que difere do das outras espécies. Enquanto na Argentina, elas chegavam ao tamanho de uma galinha, as da China eram menores, mais próximas das nossas”, afirma Alvarenga, declarando que as aves recém-descobertas ainda não receberam nomes científicos.
Esse grupo de aves viveu no período Cretáceo (situado entre 145 e 65 milhões de anos atrás) e foi extinto na mesma época dos dinossauros. Segundo o pesquisador, o outro grupo de aves que viveu na mesma época, chamado de Neornithes, sobreviveu ao suposto meteoro que atingiu a região perto do México, causando a extinção dos grandes répteis. Esse grupo se difere das Enantiornithes porque não possui dentes.
Ainda é cedo para dizer quais eram os hábitos de vida desses animais encontrados no Brasil, mas o especialista indica uma possibilidade: “provavelmente eles eram gregários, ou seja, gostavam de andar em bandos, já que encontramos fósseis de vários animais reunidos”. Conforme as pesquisas avancem, teremos mais novidades sobre essas aves. É só aguardar!