Museus históricos reúnem diferentes tipos de objetos para que possamos ter uma ideia sobre o passado. Infelizmente, nem tudo que existiu sobrou para contar história. Mas, pelo menos no mundo virtual, pode ser possível reconstituir construções e locais históricos para matar nossa curiosidade sobre como era o Brasil séculos atrás. Um exemplo é o aplicativo Museu Sem Paredes, que mostra as ruínas de São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul, como eram no século 17.
Tudo começou quando a designer Karolina Ziulkoski se perguntou se os museus precisavam de salas e paredes para funcionar. Ela concluiu que não. “O aplicativo reconstrói as ruínas por meio da tecnologia de realidade aumentada, em que um elemento real é aumentado digitalmente”, explica.
Karolina desenvolveu o programa durante o mestrado na Universidade de Nova York, nos Estados Unidos. Funciona mais ou menos assim: por meio da câmera do celular, o aplicativo reconhece o local que está sendo mostrado na tela. “A partir dele, vai adicionando informações de construções que já estiveram ali”, conta Karolina. “É como se redesenhassem o lugar”. A tecnologia utiliza modelos em três dimensões, sobrepostos ao que se vê nas ruínas.
Disponível gratuitamente para celulares e tablets com sistema Android ou iOS, o Museu Sem Paredes vem com guias de áudio que contam histórias e lendas interessantes contadas pelas pessoas da comunidade próxima ao local. Ele pode ser usado para quem está visitando as ruínas ou para quem quiser conhecê-las, mesmo a distância.
As ruínas de São Miguel das Missões reúnem vestígios de uma sociedade que viveu ali em torno do século 17. Naquela época, os povos indígenas da região eram liderados por padres jesuítas vindos da Espanha em missões para catequizar os índios com os ensinamentos da igreja católica.
O trabalho e seus frutos eram divididos por todos – a comunidade também exportava alguns produtos, como algodão, erva-mate, couro de gado, sebo e chifres. Os indígenas eram educados em escolas com turmas de até 20 alunos, onde aprendiam a ler e escrever e tinham oficinas de pintura, escultura e música.
“Essas ruínas são testemunhas históricas de um modelo alternativo de sociedade”, comenta Karolina. “É essencial preservar a memória desses locais”.
A designer contou à CHC que deseja expandir a tecnologia para outros locais que tenham a história tão rica como a das ruínas de São Miguel das Missões. “Um bom exemplo é o centro da cidade do Rio de Janeiro, onde um morro inteiro foi derrubado e poucas pessoas sabem disso”, conta. “Queremos expandir a técnica para lá e para outros lugares do Brasil”.
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