Um imenso queijo suíço

No alto, você vê uma imagem de satélite da cratera encontrada em Vista Alegre. A foto menor foi tirada da borda dessa cratera, que tem quase dez quilômetros de diâmetro!

Extra! Extra! Meteorito cai na Terra e provoca destruição. Leia nesta edição: a energia liberada no impacto provocou grande aumento da temperatura. A explosão gerou chuvas de partículas em brasa nas regiões próximas. Os gases resultantes da explosão se acumularam na atmosfera e impediram a saída do calor da Terra. Extra! Extra!

A notícia que parece saída de um filme de ficção científica poderia ter sido dada há 60 milhões de anos, quando um meteorito de 400 metros de diâmetro atingiu a Terra, numa região onde hoje é o estado do Paraná. Mas, se isso aconteceu há tanto tempo, como os cientistas podem ter certeza.

Quando um meteorito atinge a superfície da Terra, a força do impacto provoca uma grande abertura circular no solo. Essa abertura é conhecida como cratera meteorítica. E foi justamente uma dessas crateras que pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) acabam de descobrir!

A cratera tem 9,5 quilômetros de diâmetro e fica em Vista Alegre, um distrito do município de Coronel Vivida, no interior do Paraná. Pelo tamanho da cratera, calcula-se que o meteorito deveria ter 400 metros de diâmetro, o equivalente a quatro quarteirões. “Descobrimos esta cratera por meio da análise de imagens de satélite”, conta o geólogo Álvaro Penteado Crósta, professor da Unicamp.

Mas como sabemos que essas crateras foram formadas pelo impacto desses corpos celestes? Pelo estado da rocha. Os pesquisadores recolheram amostras de rochas do local e as levaram para análise em laboratório. “As rochas e os minerais tinham um certo tipo de deformação que só poderia ter sido causado pela grande pressão e alta temperatura provocadas pelo impacto de um meteorito”, explica Crósta.

Outras crateras formadas por meteoritos no Brasil, em Vargeão/SC (no alto) e na Serra da Cangalha/TO.

No Brasil, existem mais quatro crateras formadas por impacto de meteoritos. A maior delas, chamada Domo de Araguainha, foi formada há 245 milhões de anos, tem 40 quilômetros de diâmetro e está situada na fronteira dos estados de Mato Grosso e Goiás. Vargeão, em Santa Catarina, tem 12,5 quilômetros. Já a Serra da Cangalha, em Tocantins, tem 12 quilômetros. A menor, com 4,5 quilômetros de diâmetro, é a Riachão, no Maranhão.
Quer saber por que esses meteoritos caem na Terra? Entre Júpiter e Marte, existe uma região com milhares de corpos celestes que também estão em órbita em torno do Sol: os maiores são chamados asteróides e os menores são conhecidos como meteoros. De vez em quando, alguns saem dessa órbita e seguem em direção ao Sol. No caminho, eles podem encontrar outros astros – como o nosso planeta, Marte, Vênus, Mercúrio e seus satélites – e se chocar contra eles. Se chegarem à superfície de cada um sem serem destruídos, passarão a ser chamados de meteoritos.

Você já reparou como tem um monte de buracos na Lua? Na verdade, são várias crateras formadas por impacto de meteoritos e asteróides. Como a superfície da Lua é muito “parada”, isto é, não sofre os efeitos dos ventos, das chuvas e da erosão, as crateras sobrevivem por mais tempo e podem ser percebidas com mais facilidade.

O estudo das crateras meteoríticas é muito importante. Ele permite desvendar o passado e a evolução do nosso planeta. Há suspeitas de que até mesmo a extinção dos dinossauros foi provocada pelo impacto de um asteróide. Portanto, a descoberta da quinta cratera formada por meteorito no Brasil é uma notícia muito interessante. Você não acha?

O que aconteceria se um asteróide atingisse a Terra?

Se o asteróide caísse na água, provocaria uma onda gigante capaz de alagar todos os continentes (alguém lembra de já ter visto isso em um filme?). Já se o impacto fosse no solo, a energia liberada causaria terremotos e o aquecimento do planeta. Depois de aquecer, a poeira se concentraria na atmosfera e impediria a passagem de parte da energia solar. Então, a Terra se resfriaria.
Mas, calma! Ninguém precisa ficar com medo: essa tragédia só aconteceria se fôssemos atingidos por corpos com várias centenas de metros de diâmetro, algo que só ocorre uma vez em milhões de anos…

Matéria publicada em 14.12.2004

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Eliana-Pegorim

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