Um gigante na Amazônia

O novo dinossauro, batizado de Amazonsaurus maranhensis, tinha cauda e pescoço longos, media 10 metros de comprimento e pesava 10 toneladas

Prepare-se para uma viagem incrível. Destino: Amazônia, cerca de 110 milhões de anos atrás. No meio de grandes planícies alagadas e com bastante vegetação, surge um animal imenso, com pescoço e cauda longos. Seria um dinossauro?! Isso mesmo: naquela época, a floresta amazônica era habitada por répteis gigantescos, um cenário bem diferente do que se vê hoje.

Mas como é possível descrever algo que existiu há tanto tempo? É que alguns cientistas encontraram ossos de várias partes do corpo desse dinossauro enterrados e conseguiram montar seu esqueleto, como se fosse um quebra-cabeças com peças faltando.

Então, descobriram que esse animal era diferente de todos os outros dinossauros que conheciam. Por isso, concluíram que era uma nova espécie, batizada de Amazonsaurus maranhensis . Esse nome foi escolhido porque, além de ser o primeiro dinossauro da Amazônia, os ossos — chamados de fósseis — foram descobertos no Maranhão (fósseis são restos de animais ou vegetais que existiram há milhões de anos na Terra).

A nova espécie faz parte de um grande grupo de dinossauros vegetarianos — os saurópodes. Esse grupo viveu em todos os continentes e inclui os maiores animais que já caminharam sobre o nosso planeta. O Amazonsaurus tinha cerca de 10 metros de comprimento (contando o pescoço e a cauda) e pesava em torno de 10 toneladas, ou seja, era um pouco maior que um elefante africano.

O Amazonsaurus (no centro) é um pouco maior que um elefante africano e menor que um titanossauro (ao fundo)

Mesmo com todo esse tamanho, ele é considerado pequeno em comparação a dinossauros do mesmo grupo. Alguns deles podiam medir até 40 metros! Outra diferença é que o Amazonsaurus tinha ossos muito longos, chamados espinhas dorsais, em cima da coluna. Em dinossauros de outras espécies, essas espinhas tinham duas pontas. Por causa dessas características próprias, o Amazonsaurus foi classificado em um novo gênero.

Gênero é a categoria que reúne espécies semelhantes, que compartilham algumas características, como formato do corpo, comportamento e cor. Um ou mais gêneros com características comuns são agrupados em famílias.

Para descobrir tudo isso, os paleontólogos Ismar de Souza Carvalho e Leonardo dos Santos Avilla, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Leonardo Salgado, da Universidade Nacional de Comahue, na Argentina, analisaram cerca de 100 fósseis do novo dinossauro, encontrados em escavações à beira do rio Itapecuru-mirim, a 120 km de São Luís, capital do Maranhão.

O esqueleto do Amazonsaurus foi montado a partir das espinhas dorsais e dos ossos da costela, bacia e coluna vertebral do réptil

Junto com os ossos, os pesquisadores recolheram restos de plantas e de outros animais, como peixes, tartarugas, moluscos e crocodilos. “A partir do estudo desse material, conseguimos determinar o período em que o Amazonsaurus viveu — entre 100 e 110 milhões de anos atrás — e os aspectos do clima e do ambiente da Amazônia naquela época”, conta Ismar Carvalho.

Um fato curioso é que os vestígios de animais e vegetais encontrados na região Amazônica são parecidos com os de espécies que viveram no noroeste africano no mesmo período. Mas como explicar essa semelhança se a América do Sul — onde fica a Amazônia — e a África estão separadas por um oceano? A resposta para essa pergunta dá mais força a uma teoria que diz que esses dois continentes eram um só há 110 milhões de anos, quando o oceano Atlântico começou a se formar. Mas essa já é uma outra história.

Como você pode ver, a descoberta do novo dinossauro é mais uma peça de um grande quebra-cabeças que vai nos ajudar a desvendar os mistérios da evolução da vida no nosso planeta.