Um, dois, três… correndo!

Células apostam corrida

(Ilustração: Sofia Moutinho)

É oficial: a célula mais rápida do mundo é uma célula-tronco embrionária – tipo especial de célula retirada de um embrião humano – de um laboratório lá de Cingapura. Ela foi a vencedora de uma corrida de células! Estranho? Mas é isso mesmo. Um experimento promovido por pesquisadores franceses reuniu 50 tipos de células enviadas por cientistas do mundo todo para competir em velocidade.

Teve até pista de corrida, só que minúscula, com 0,4 milímetros de comprimento – menos do que a espessura de um fio de cabelo. A célula vencedora chegou ao final da competição com uma velocidade de 5,2 micrômetros por segundo, o equivalente a 0,000000312 quilômetros por hora. Pode parecer muito devagar para nós, mas também não deve ser fácil para uma célula tão pequeninha correr rapidamente.

Veja o vídeo da corrida:

Apesar de lembrar uma corrida meio maluca, a competição teve um motivo científico importante: estudar a movimentação celular. Normalmente, em nosso corpo, as células se movem espontaneamente. Uma das situações em que isso acontece é quando nossos órgãos crescem: as células se movem de lá para cá para formar mais tecido. Outra situação em que elas migram é quando formam um tumor canceroso.

“Queríamos criar um evento divertido e que nos ajudasse a descobrir algumas da regras por trás dos movimentos das células, o que de fato aconteceu”, diz um dos idealizadores da competição, o microbiólogo Matthieu Piel, do Instituto Curie, na França.

Matthieu e seus colegas observaram que as células mais lentas mudavam de direção a toda hora, iam para frente e para trás, perdidas na pista de corrida. Já as mais rápidas seguiam um só sentido. Esse foi o segredo da célula vencedora: além de mais veloz que suas adversárias, ela seguiu em frente sem olhar para trás.

Além da célula embrionária, entre as mais rápidas estavam também as células cancerosas. Com essa informação, os cientistas podem entender melhor como o câncer se desenvolve e criar melhores maneiras de combatê-lo! Viu como a ciência pode ser séria e divertida ao mesmo tempo?