Um cometa passando no céu

Setembro de 1999. O telescópio do Laboratório Lincoln, nos Estados Unidos, procura asteróides em rota de colisão com a Terra quando, de repente, algo é detectado! Será um asteróide vindo em nossa direção? Felizmente, o alarme era falso. Tratava-se de um cometa, desconhecido e inofensivo, que, depois do susto, foi batizado de Linear (sigla do nome do laboratório).

O Linear prosseguiu sua viagem pelo espaço sendo observado pelos astrônomos. No dia 26 de julho, o cometa alcançou a menor distância em relação ao Sol, chamada de periélio: “apenas” 114 milhões de quilômetros. Para as medidas terrestres, pode parecer muito, mas para as distâncias no espaço, é quase nada! O Linear também está bem perto do nosso planeta, a cerca 56 milhões de quilômetros. Por isso, é possível vê-lo a olho nu daqui da Terra.

É mais fácil observar o Linear do Hemisfério Norte. Também é possível vê-lo do Brasil, que fica no Hemisfério Sul, mas será mais difícil. Os melhores dias para ver o cometa são os do final de julho e início de agosto. A dica é conseguir um binóculo e olhar para o céu logo depois do pôr-do-sol, na direção do oeste-noroeste (perto de onde o Sol se põe). Nesses dias, o cometa estará saindo da constelação de Leão e entrando na de Virgem. Peça ajuda a alguém que conheça as estrelas para saber onde ficam essas constelações no céu.

Como todos os cometas, o Linear é formado por gelo e poeira cósmica. Quando um cometa se aproxima do Sol, a temperatura sobe e o gelo… Não, o gelo não derrete. Nesse caso, ele sublima, ou seja, passa diretamente do estado sólido para o gasoso, formando o que conhecemos como cauda do cometa. Como o Linear nunca passou perto do Sol, o gelo que o forma nunca foi sublimado: continua intacto. Por isso, os astrônomos esperam que ele seja muito brilhante.

Ainda não se conhece a órbita do Linear. Mas os cientistas acreditam que ele levará dezenas de milhares de anos para ser visto da Terra novamente. Então… não perca a chance de ver esse cometa do observatório de sua cidade ou com a ajuda daquele seu tio, vizinho, amigo ou conhecido que vive olhando as estrelas…

Matéria publicada em 30.10.2000

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Mara Figueira